Cotidiano

Policiais forjaram arma em carro de universitário, diz testemunha

SÃO PAULO – Uma testemunha da morte do universitário Julio Espinoza, de 24 anos, relatou à TV Globo nesta quarta-feira que viu policiais militares e guardas civis municipais colocando uma arma dentro do carro da vítima para forjar que o estudante estava armado. Após perseguirem Espinoza, na madrugada de segunda-feira, policiais e guardas deram 16 tiros no veículo em uma rua da Zona Leste de São Paulo. Um dos disparos atingiu a cabeça do jovem.

A versão da testemunha, que deu entrevista ao Jornal Hoje na tarde desta quarta-feira, contradiz o depoimento dado pelos agentes de segurança após a ocorrência. Na delegacia que investiga o caso, os policiais afirmaram que viram um clarão dentro do claro e ouviram barulho de disparos. Isso teria motivado eles a reviradem com mais de uma dezena de tiros. Eles disseram, ainda, que encontraram uma arma e uma porção de pó branco dentro do veículo que poderia ser droga.

A testemunha da TV Globo, que pediu para manter o anonimato, estava passando pelo local por volta das 3h30 quando o caso ocorreu.

— Não teve em nenhum momento troca de tiro. A hora que parei meu carro na avenida eles (policiais) entraram atirando e moleque veio gambaleando com carro de lá de baixo até aqui. Aí ele se perdeu ali, bateu e ali foi uma sessão de tiro. Terror mesmo. Parecia bang-bang — disse a testemunha ao Jornal Hoje, que continuou:

— Até a hora que parou tudo. O pessoal de São Caetano (guardas civis) conversou com pessoal de São Paulo (policiais militares), foram os dois pra dentro do carro e foi onde deu o tiro. Tirou da cintura, deu o tiro e jogou a arma dentro do carro.

O homem relatou ainda que os policiais ameaçaram testemunhas que tentaram filmar o ocorrido com celulares:

— Depois que tirou o moleque eles pegou: ‘Olha, achou a arma do crime aqui’, mas não tinha arma não. A arma foi forjada sendo que a gente não pode nem filmar porque eles deixou bem claro: 'Se filmasse iam pegar celular e iam quebrar.

Ao todo, dez policiais militares e quatro guardas civis municipais da cidade vizinha de São Paulo estavam na ocorrência. Espinoza estava sendo perseguido porque não respeitara uma ordem de parada num bloqueio. Segundo a família dele, o jovem não parou provavelmente porque tinha medo que o carro fosse apreendido, já que tinha muitas multas a pagar. Os familiares sustentam, também, que Espinoza não tinha armas nem drogas.