?Nasci nos EUA e vivo em São Paulo desde 2010. Amo a
cultura do país e a língua portuguesa. Trabalhei no YouTube e no Google Mobile
no Brasil por seis anos. Sou formado em Políticas Públicas pela Duke University
e estudei Design Thinking na Universidade de Stanford. Há pouco mais de um ano
sou CEO da 99 Táxi.?
Conte algo que não sei.
Poucas pessoas sabem que a família brasileira, em todas
as classes, gasta em torno de 20% da sua renda só em locomoção. Um custo
altíssimo para uma necessidade básica. O transporte privado, por meio dos
aplicativos, veio justamente devolver parte desse dinheiro à sociedade,
oferecendo um serviço seguro e de qualidade.
E como os aplicativos podem fazer isso?
A internet veio para facilitar. Hoje, posso ligar para
minha mãe nos EUA, de graça, por meio de aplicativos. Sendo assim, a locomoção
urbana também pode ser beneficiada. Em alguns casos, é mais barato usar o
transporte privado que ser dono do próprio carro. Basta levar em conta os gastos
de combustível, estacionamento, manutenção e do próprio veículo.
O transporte público não seria a melhor opção?
O serviço público convencional não é a melhor alternativa
para todo mundo, e, por isso, o transporte privado vem para oferecer um serviço
exclusivo, com menor custo. Na China, já é possível usar aplicativos de
transporte para solicitar um ônibus. Acredito que, em cooperação com o governo,
isso também será possível no Brasil. A ideia é ter o maior número de pessoas em
cima de quatro rodas.
Como esse sistema funciona na China?
Em Pequim, basta indicar o destino aonde se quer ir e a cada dois segundos é
feito um cálculo no sistema, otimizando as rotas em toda a cidade. As pessoas
são orientadas a andar até duas quadras, para que o coletivo as busquem, sem
desviar muito o trajeto e diminuindo o número de paradas. Assim, ele acaba sendo
muito mais rápido que um ônibus tradicional.
Tendo em vista a deficiência tecnológica que o Brasil ainda
enfrenta, seria possível implantar esse método aqui?
Com o apoio de uma empresa chinesa, com grande
expertise na área, estamos desenvolvendo tecnologias que, aos poucos,
acompanhem essa demanda.
De que maneira a tecnologia pode ajudar a aumentar a segurança no
transporte?
No transporte tradicional, a gente embarca sem conhecer o motorista e
vice-versa. Por aplicativo, a camada de segurança é um pouco maior. Para se
cadastrar no sistema, o indivíduo tem que passar por uma checagem com as fontes
de informações públicas, para garantir que não tenha qualquer histórico
criminoso.
Como os passageiros têm percebido essa nova forma de locomoção?
A aceitação está cada vez maior. Diferentemente do táxi, as corridas por meio
de aplicativos têm controle de qualidade. Ao final de cada viagem, os clientes
avaliam o perfil do profissional e a qualidade do veículo. Dessa forma, o padrão
do serviço é sempre mantido.
Você acredita que os motoristas dessa categoria são recompensados
corretamente?
Ainda não são. Eles não podem ser enxergados como simples fornecedores.
Precisam ser tratados de forma digna. Geralmente, recebem tão pouco que
trabalham até 16 horas por dia, aumentando o risco de acidentes. É preciso mais
respeito e oferecer taxas menores, pois ganhando mais eles trabalham
satisfeitos. Consequentemente, a qualidade do serviço melhora.