WASHINGTON – A recuperação da economia brasileira só começará em 2018, segundo nova estimativa do Banco Mundial, publicada nesta terça-feira. Segundo a instituição, o Brasil terá uma recessão de 4% neste ano, maior que a queda de 3,8% do ano passado e que a previsão do banco em janeiro, quando estimava uma retração de 3,5% para 2016. A expectativa é ainda mais severa que a do Fundo Monetária Internacional (FMI) que estimou em abril uma queda de 3,8% do produto brasileiro neste ano, e da média dos analistas do mercado financeiro brasileiro, que na sexta-feira projetaram uma recessão de 3,71% neste ano.
O Brasil deverá sofrer uma contração de 4% em 2016 e sua incerteza deverá continuar em 2017 em meio a tentativas de arrocho das políticas, aumento do desemprego, redução da renda real e imprevisibilidade política. Se persistirem as incertezas políticas, a implementação de iniciativas fiscais talvez seja procrastinada, exercendo maior pressão sobre o investimento, afirmou o documento.
O Banco Mundial ainda projetou recessão de 0,2% do PIB em 2017, ante previsão de alta de 1,4% em janeiro. O novo número da instituição par ao próximo ano é pior que a previsão do FMI de desempenho estável e a estimativa de alta de 0,5% e dos analistas brasileiros consultados pela sondagem Focus, do Banco Central, no fim da semana passada. A volta ao crescimento econômico ficaria para 2018, que segundo o Banco Mundial, deve registrar uma alta de 0,8%no PIB brasileiro.
Com isso, toda a América Latina sofrerá, já que a Argentina também deve registrar uma retração neste ano, mas de 0,5%, além do Equador (-4%) e Venezuela (-10,15). Por outro lado, México e América Central estão acelerando o crescimento, acompanhando a retomada dos Estados Unidos. Segundo as previsões, a região sofrerá uma contração de 1,3% em 2016 após um declínio de 0,7% em 2015, os primeiros anos seguidos de recessão em mais de 30 anos. Segundo projeções, a expansão deverá começar novamente em 2017, ganhando gradualmente impulso para alcançar cerca de 2% em 2018, afirmou o Banco Mundial.
O Banco Mundial também reduziu a expectativa de crescimento global para este ano, passando de uma estimativa de expansão de 2,9%, em janeiro, para uma alta de 2,4%, nos estudos de agora. Esta medida é devida ao crescimento lento das economias avançadas, preços de produtos básicos obstinadamente baixos, comércio global fraco e retração dos fluxos de capital, afirmou a instituição em nota.
Para os Estados Unidos, o banco estima alta de 1,9% neste ano, contra previsão anterior de alta de 2,7%. Para 2017 o país deve crescer 2,2% (contra previsão de janeiro de 2,4%) e 2,1% em 2018 (em janeiro a estimativa era de alta de 2,2%). A Zona do Euro tende a registrar alta 1,6% em 2016 e em 2017, e de 1,5% em 2018. As três projeções foram cortadas em 0,1 ponto percentual, cada uma. Para o Japão, a previsão é de alta de apenas 0,5% neste ano, contra projeção de janeiro de crescimento de 1,3%.
Esse crescimento lento ressalta por que é criticamente importante que os países adotem políticas que impulsionem o crescimento econômico e melhorem a as condições das pessoas que vivem em extrema pobreza afirmou Jim Yong Kim, Presidente do Grupo Banco Mundial.
Entre as principais economias de mercado emergentes, prevê-se que a China cresça a uma taxa de 6,7% em 2016, em comparação com 6.9% no ano passado e sem sofrer revisão em relação à perspectiva de janeiro. A robusta expansão econômica da Índia deverá manter-se inalterada em 7,6%. No entanto, um fenômeno que merece cautela é o rápido aumento da dívida privada em várias economias emergentes e em desenvolvimento. Na sequência de um surto de empréstimos não é raro se quadruplicarem empréstimos bancários inadimplentes como parcela de empréstimos brutos, afirmou o documento.