Com base na PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio, o percentual de endividados no Paraná no mês de junho atingiu 88,7%, a maior parte atribuído às famílias com maior poder aquisitivo. Trata-se da terceira alta mensal consecutiva. Se compararmos com a média nacional, que ficou em 56,4%, a média paranaense é 32,3% superior. Dados fornecidos pela Fecomércio mostram o Paraná na primeira colocação em consumidores endividados, na frente de Santa Catarina, Roraima, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
Em contato telefônico com a coordenadora de Pesquisas da Fecomércio, Priscila Moraes de Andrade, o índice vem crescendo desde março. Ela cita que o recorde histórico de famílias endividadas no Paraná foi estabelecido em agosto de 2013, com 93,5% das famílias paranaenses.
Ela explica a diferença entre endividamento e inadimplência. O primeiro é quando o consumidor adquire qualquer produto ou serviço e não faz o pagamento de forma imediata. Já a inadimplência, é caracterizada quando esse consumidor não honra a dívida, passando a ter o seu nome na lista do Serasa Experian. “No mesmo momento em que quitam uma dúvida, o consumidor já trata de fazer outra, transformando suas contas em uma bola de neve, tornando difícil pagar todos os compromissos financeiros firmados”.
O Paraná mostra uma situação típica, de acordo com a Fecomércio. “Como aqui o poder de crédito é maior, principalmente em função da estabilidade do funcionalismo público, as pessoas acabam caindo em uma cilada, deixando de fazer o planejamento e comprando por impulso, sem analisar de terá ou não condições de pagar a dívida”. O Estado tem 57% a mais de endividados, comparando com a média nacional divulgada pela Confederação Nacional do Comércio.
O endividamento é de 90,4% entre as famílias com uma renda superior, contra 88,3% envolvendo as classes C, D e E. No Brasil, são 61 milhões de inadimplentes, por conta da recessão econômica aliada às taxas de desemprego. A média nacional de endividamento ficou em 56,4%.
Ainda em relação ao Paraná, outro número preocupante é das pessoas que não conseguirão pagar seus compromissos financeiros, passando de 9,1% em maio para 10,7% em junho. Em 2016, esse cenário era bem pior, com as contas em atraso atingindo 30% dos endividados. Do total, 12,8% não tinha condições de pagar suas dívidas. O percentual de contas em atraso foi de 26,8%, alta de 3,5 pontos.
A dívida mais comum e que eleva os índices em todo o Estado é atrelada ao cartão de crédito, totalizando 73,7% dos endividados. Logo depois, vem o financiamento, com 9,2%, seguido do financiamento imobiliário, com 6,5%, carnês, com 4,8%, crédito pessoal, com 2%, empréstimo consignado, com 1,9% e cheque especial, correspondendo a 1,1%.
A parcela de renda dos paranaenses comprometida com as dívidas foi de 31% em média. Vandré Dubiela
DICAS IMPORTANTES
* Renegocie as dívidas de maneira que as novas parcelas da renegociação caibam no bolso e, somadas aos débitos já existentes (desconsiderando o imobiliário), não ultrapassem 20% da renda mensal.
*Prepare-se antes de renegociar: coloque na ponta do lápis todas as despesas fixas e as contas já assumidas ou previstas. Assim, é possível saber o quanto está disponível para pagar a nova dívida que será renegociada, escolhendo quais as condições e formas de pagamento que melhor se encaixam no orçamento.
*O consumidor inadimplente com direito ao resgate do FGTS deve utilizar ao menos parte do valor recebido para quitar dívidas pendentes.
*Use o crédito mais barato para pagar dívidas mais caras: um crédito consignado poderá ser a saída para as parcelas atrasadas do cartão de crédito ou do cheque especial, por exemplo.
Crise faz associações repensarem as campanhas de fim de ano
Marechal Cândido Rondon – A crise econômica que se arrasta há pelo menos dois anos está fazendo com que as associações comerciais da região oeste do Paraná repensem suas campanhas promocionais para o fim de ano. Neste período elas geralmente já têm definições sobre sorteios e datas a serem realizadas, mas neste ano o cenário está um pouco diferente em algumas cidades e mais pé no chão. O presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), Edson José de Vasconcellos afirma que na entidade esta pauta ainda não foi definida. “Acreditamos que até o mês que vem ela esteja solucionada. Mas as campanhas dos dois últimos anos não foram exatamente o que esperávamos e deu mais prejuízo do que lucro”, lembra.
A ideia na Acic é seguir uma campanha que a Faciap (Federação das Associações Comerciais e Industriais do Paraná) deverá realizar evitando assim os ônus de sorteios locais.
Outra situação que está sendo analisada diz respeito à decoração natalina na cidade. Como a gestão passada da Prefeitura de Cascavel teve problemas com a prestação de contas no Tribunal de Contas do Estado do Paraná, a associação também estaria relacionada e revendo esta parceria que muito provavelmente não deverá sair do papel em 2017. “Mas esta é outra situação que também será revista e analisada com o Município”, pondera Vasconcellos.
A Acimacar (Associação Comercial e Industrial de Marechal Cândido Rondon) vai fazer campanha, mas em outros moldes. “Há três anos preferimos trocar o sorteio de carros e casas por vales-compra. É uma forma de atrair os compradores e valorizar o comércio local”, lembra o presidente Gerson Froehner.
Ele assegura que esta metodologia tem funcionado melhor, apesar de exigir toda a burocracia convencional para a liberação de um sorteio, mas a prática tem endividado menos a associação e dado um retorno mais satisfatório. “Antes percebíamos que no sorteio de um carro, por exemplo, poderia ganhar alguém que nem morava na cidade ou ainda, alguém que vendia o carro antes mesmo de ele ser passado para o seu nome. Sorteando cupons para a compra no comércio local, este dinheiro retorna para a economia da própria cidade”, comemora ao lembrar que o cenário para o comércio neste segundo semestre está melhor que no primeiro, quando o endividamento das famílias rondonenses visivelmente cresceu. Juliet Manfrin
Retorno
Foz do Iguaçu vive uma situação diferenciada. Há cinco anos a associação comercial não realizava campanhas promocionais, mas neste ano resolveu apostar e alto. Além de aderir à da Faciap, tem uma campanha própria que vai iniciar em 1º de novembro e seguirá até 10 de janeiro. Serão nove sorteios de carros, motos e outros bens duráveis.
O presidente da Acif, Leandro Teixeira Costa, afirma que a grande aposta é pelo enfraquecimento da crise. Outro aliado é o setor turístico. Apesar de depender muito do fator cambial para estimular o movimento no comércio local dado à proximidade com o Paraguai, Leandro afirma que o alto movimento turístico no fim do ano na Terra das Cataratas influencia no movimento do comércio local. “E a adesão dos comerciantes à campanha está sendo boa, estamos neste processo de cadastramento das empresas e estamos confiantes”, avalia. JM
Campanha estendida
Em Toledo a Acit (Associação Comercial e Industrial) não vai realizar uma campanha específica para o Natal. Vai ampliar a da comemoração dos 50 anos da entidade, iniciada em março passado que vai seguir até janeiro de 2018. São quatro motos sorteadas cada mês, exceto quando há datas comemorativas. Para maio, por exemplo, com o Dia das Mães foram cinco motos sorteadas e em dezembro serão dez, totalizando assim 50 unidades a serem entregues aos compradores.
Para evitar dívidas a Acit tem, há quase 20 anos, um fundo de promoção. As mais de 500 participantes depositam um valor mensal que cobre as despesas das campanhas pontuais. “Assim, não onera a associação e os associados quando será realizado algum sorteio”, lembra a assessoria de imprensa. JM