SÃO PAULO – A Ouvidoria da Polícia de São Paulo pediu para o Ministério Público (MP) apurar a ação da Polícia Militar no protesto contra o impeachment, na quarta-feira, quando uma manifestante teve o rosto ferido por estilhaços de uma bomba de efeito moral e sofreu uma lesão no olho esquerdo. Deborah Fabri postou em rede social que perdeu a visão, condição ainda não confirmada pelo hospital. A jovem não registrou boletim de ocorrência e a polícia agora tenta localizá-la. Grupos contrários ao impeachment entraram em confronto por quatro dias consecutivo nas ruas da capital.
A Ouvidoria também acionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a Corregedoria da PM para investigar a conduta dos policiais por suspeita de terem cometido excessos. – Não é a primeira vez que isso acontece. Já pedimos ao MP para investigar, identificar quem praticou o ato. O Ministério Público tem o poder de fiscalizar e processar o mau policial – afirmou o ouvidor Julio Cesar Fernandes Neves.
A militante do Levante Popular da Juventude não registrou boletim de ocorrência, segundo a Secretaria da Segurança Pública. ?A estudante até o momento não procurou a delegacia ou a Corregedoria da Polícia Militar para o registro do boletim de ocorrência com sua versão do fato. A polícia segue empenhada em localizar a jovem para às devidas investigações?, disse a SSP em nota.
Imagem da jovem com o rosto ferido e coberto de sangue circula na internet. Ela foi atingida, segundo outros manifestantes, por estilhaços de bomba de efeito moral.
Para o ouvidor, é importante que Deborah registre um boletim de ocorrência.
– Seria bom ela fazer boletim de ocorrência, para dar elementos para uma autoridade policial identificar o autor desse lamentável acontecimento – disse o ouvidor.
Na quinta-feira, Deborah postou mensagem em uma rede social afirmando que ficou cega. “Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo mas estou bem. Obrigada pelas mensagens e apoio logo logo respondo todos!!!”, escreveu. Desde então, ela não voltou mais a usar as redes sociais. O Globo tentou contato com a jovem, mas não teve retorno.
O Ministério Público Estadual ainda não se manifestou sobre o caso.