RIO – Os movimentos que vêm ocupando equipamentos culturais ligados ao antigo Ministério da Cultura (MinC) tomaram corpo e agora já se espalham por 18 capitais, segundo o “G1”. Os manifestantes protestam contra a extinção do ministério, agora sob o guarda-chuva da Educação, além de pedirem a saída do presidente interino Michel Temer.
Pouco mais de uma semana depois do afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado, o governo interino vem percorrendo uma estrada tortuosa no campo cultural. Foram muitos “nãos” até que o ex-secretário municipal do Rio de Janeiro, Marcelo Calero, aceitasse comandar a Cultura. E a classe artística não aceitou a extinção do ministério, organizando manifestos e ocupações em protesto.
Na segunda-feira, o Palácio Capanema, sede do Iphan (Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Funarte (Fundação Nacional das Artes) no Rio de Janeiro foi ocupado. Desde então, o local tem sido palco de shows, oficinas e debates: já passaram por lá Arnaldo Antunes e Otto, além de Lenine, Frejat e Leoni. Nesta sexta-feira, estão programados shows de Caetano Veloso e Erasmo Carlos.
A Funarte de São Paulo foi ocupada no dia seguinte, e também segue com intensa programação. Na quarta-feira, o músico Edgar Scandurra levou seu apoio ao grupo e leu publicamente o manifesto preparado pelos ocupantes. Na quinta-feira, o coletivo organizou uma passeata até o cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, em referência a “Sampa”, de Caetano Veloso.
Segundo o G1, nesta sexta-feira, já são 18 capitais com que registram esse tipo de protesto contra Michel Temer: Natal, Cuiabá, Belém, São Luís, Belo Horizonte, Brasília, Aracaju, São Paulo, Rio de Janeiro, João Pessoa, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Macapá, Maceió, Florianópolis, Porto Alegre e Recife. As ocupações ocorrem principalmente em prédios da Funarte e Iphan, ligados ao governo federal.
As ocupações estão articuladas entre si, compartilhando informações e experiências. O grupo de Natal, inclusive, organizou uma Rádio virtual para divulgar notícias sobre cada coletivo. A mais recente foi feita na noite desta quinta-feira, e não elencou Florianópolis entre as cidades que participam do movimento.
Saiba mais sobre as ocupações:
Rio de Janeiro: Os pilotis do Palácio Capanema vêm recebendo uma agenda de atividades intensa. O grupo organiza plenárias diárias, além de oficinas e shows. Nesta sexta, estão programados a apresentação do espetáculo “Se vivêssemos em um lugar normal”; batalha de hip hop; bloco de carnaval “Me beija que eu sou cineasta”; e shows que incluem nomes como Caetano, Erasmo Carlos, Teresa Cristina, Seu Jorge e Chico Chico.
São Paulo: Nesta sexta, a programação realizada pela ocupação da Funarte tem o quarteto Alexandre Ribeiro, Isca de Polícia, Fernando Catatau, Gui Amabis, Felipe Antunes, Banda Metrô, Grupo de ZN Inseries e Roda de Samba com Bambas de Sampa.
Aracaju: A ocupação do Iphan na capital sergipana começou na terça-feira, e tem organizado diversas oficinas artísticas. Nesta sexta, há show com Estúdio, Box e Azulejo; Circular Cidade e Anne Carol.
Belém: O grupo ocupa o prédio do Iphan, onde funciona a representação do ministério da Cultura, desde a quarta-feira. Há planárias, oficinas, prática de meditação e debates.
Belo Horizonte: A ocupação da Funarte começou na noite de domingo. Segundo a organização, mas de cem pessoas participam. Nesta sexta, está programado um “abraçaço” em Nilma Lino Gomes, ex-ministra de Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Brasília: O prédio da Funarte foi ocupado na terça-feira. Nesta sexta-feira, o grupo promove oficinas, o espetáculo “Vinícius” e o “Forró da ocupação”
Cuiabá: A ocupação organizada por líderes de movimentos sociais, estudantes e artistas mato-grossenses está no prédio do Iphan desde terça-feira.
Curitiba: Há uma semana, cerca de 30 ativistas, entre pessoas de teatro, cinema, audiovisual, conselheiros municipais de cultura e professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) dormem no pátio do Iphan. Durante o dia, mais de 100 se revezam, segundo os manifestantes.
Florianópolis: É a ocupação mais recente, tanto que não é citada no programa de rádio organizado pela ocupação de Natal. O antigo prédio da Alfândega, onde fica a representação do ministério na capital catarinense, foi ocupado na quinta-feira.
Fortaleza: A ocupação do prédio do Iphan começou na terça-feira. Na manhã desta sexta, os manifestantes realizaram uma oficina de pintura corporal. A agenda ainda inclui roda de choro e uma conversa com Cláudia Leitão, ex-secretária de Cultura do estado.
João Pessoa: A sede do Iphan da Paraíba foi ocupada na quinta-feira. Nesta sexta, o grupo já realizou uma intervenção de crochê na rua, e promete realizar panfletagem, cineclube, roda de coco, jam session e ainda terá um DJ na madrugada.
Macapá: O prédio do Iphan foi ocupado na quinta-feira. O grupo organizou uma agenda com diversas atividades nesta sexta, incluindo mostra de cinema, bate-papo artístico e um sarau livre.
Maceió: Cerca de 100 pessoas ocupam a sede do Iphan desde quinta-feira.
Natal: Na terça-feira, cerca de 200 pessoas ocuparam o prédio do Iphan. O grupo, que organiza a Rádio Ocupa MinC, já recebeu o apoio da senadora Fátima Bezerra (PT), e promove oficinas, rodas de capoeira, plenárias e jam sessions.
Porto Alegre: A ocupação da sede do Iphan começou na quinta-feira, e já na sexta começa a programação cultural, com um sarau à noite. No sábado, oficinas e cineclube.
Recife: Desde terça-feira, manifestantes ocupam a representação local do ministério da Cultura, na Funarte. Eles realizam atividades como rodas de música, poesia e oficinas de cartazes.
Salvador: O escritório regional do ministério da Cultura e da Fundação Palmares foi ocupado na terça-feira. O grupo vem organizando aulas abertas, oficinas, apresentações artísticas e rodas de música.
São Luís: A sede do Iphan está ocupada desde quinta-feira. As atividades realizadas incluem apresentações culturais, exibição de filmes, e mesas redondas.