WASHINGTON ? O que acontece se um candidato à Presidência dos Estados Unidos renunciar antes da eleição? Após o mal-estar sofrido no domingo por Hillary Clinton e a divulgação de que a candidata democrata está com pneumonia, esta pergunta atinge com insistência o país.
A ex-secretária de Estado, de 68 anos, cancelou os eventos previstos para segunda-feira e esta terça-feira na Califórnia e se encontra em repouso. Mas ela garante estar bem e que logo estará de volta à campanha.
“Obrigada a todos por seus bons desejos. Me sinto bem e melhorando”, disse Hillary Clinton na segunda-feira em uma mensagem, para depois afirmar que está “ansiosa para retornar”.
Caso um candidato seja impossibilitado de continuar na corrida, a Constituição americana não tem nada previsto. É preciso analisar, então, os regulamentos internos dos partidos para encontrar uma resposta.
No Partido Democrata, o artigo 2, seção 7 de seus estatutos prevê que “em caso de vacância na chapa presidencial, deve ser convocada uma reunião especial a pedido do presidente do partido”. O cenário seria semelhante entre os republicanos.
Nesta reunião dos 447 membros do Comitê Nacional Democrata, deveria ser tomada uma decisão por maioria dos presentes.
BIDEN, KAINE E SANDERS SERIAM OS MAIS COTADOS
Mas não existe nenhum marco preciso para orientar a decisão. Os especialistas têm com três nomes, o candidato à vice-presidência, Tim Kaine; o democrata que obteve mais votos nas primárias depois de Hillary, Bernie Sanders; e o atual vice-presidente, Joe Biden.
De fato, explica à AFP David Lublin, professor na American University de Washington, “podem eleger qualquer pessoa” que satisfaça aos critérios para se converter em presidente.
? Estamos em território desconhecido ? admite.
Mas, segundo ele, as opções mais lógicas seriam Tim Kaine, seguido de Bernie Sanders, e Joe Biden, muito popular no partido.
Jeanne Zaino, especialista do Iowa College no estado de Nova York, coloca em primeiro lugar Bernie Sanders, embora ele seja controverso dentro do partido, e depois Tim Kaine.
? Os partidos mantiveram intencionalmente a imprecisão sobre o procedimento a ser seguido para não ficar de mãos atadas e correr o risco de ter um candidato que não lhes convenha ? disse Zaino à AFP.
Mas primeiro seria necessário que Hillary Clinton renuncie a sua candidatura, e os especialistas não acreditam nesta possibilidade.
? É difícil imaginar que faça isso voluntariamente ? considera Lublin, destacando que até o momento sua pneumonia é facilmente tratável.
E, segundo ele, o processo de designação de um novo candidato é tão longo e cansativo que o partido certamente não buscará forçar as coisas.
? Esta foi uma temporada eleitoral tão louca que não me surpreende que qualquer coisa possa acontecer, mas não isso ? afirma Jeanne Zaino. ? A menos que sua saúde esteja muito pior do que sabemos.
É nisso que querem acreditar os inclinados pelas teorias da conspiração de todo tipo: após o mal-estar de Hillary Clinton no domingo durante a cerimônia em memória das vítimas dos atentados de 11 de Setembro em Nova York, divulgaram suas teorias sem prova alguma no Twitter, fazendo referência a doenças como demência, Alzheimer, Parkinson, etc.
Na história recente dos Estados Unidos foi registrado apenas um caso de abandono durante uma campanha presidencial: o senador Thomas Eagleton (1929-2007), candidato à vice-presidência por um breve período com George McGovern em 1972.
Ele jogou a toalha após a revelação de que sofria de depressão.