BRASÍLIA – O advogado Francisco de Assis Costa Filho foi nomeado nesta quinta-feira novo Secretário Nacional da Juventude, mesmo respondendo a processo por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. O novo secretário teve os bens bloqueados para garantir o ressarcimento de desvios estimados em suposto esquema de funcionários fantasmas no valor de R$ 2.978.406, 88. Assis Filho é afilhado político do senador João Alberto (PMDB-MA), presidente do Conselho de Ética e braço direito do ex-presidente José Sarney e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O cargo ficou vago no início da semana com a demissão de Bruno Moreira Santos, que, em entrevista ao Panorama Político, do jornal O GLOBO, exaltou as chacinas nas penitenciárias de Roraima e Amazonas. Assis Filho, também com o apadrinhamento de João Alberto e Sarney, ocupava até então o cargo de Superintendente da EBC no Nordeste. A vaga na EBC nem vai esfriar. Os Sarney já acertaram, no mesmo pacote da ida de Assis Filho para a SNJ, a nomeação da ex-secretária particular e ex-chefe da Casa Civil de Roseana no governo do Maranhão, a advogada Anna Graziella Santana Neiva Costa, com salário de R$ 25 mil.
Fora do cenário político desde que perderam o mandato, em 2014, José Sarney e sua filha, a ex-governadora Roseana Sarney, continuam exercendo a força política que sempre tiveram nas indicações para cargos importantes em todos os governos. Sarney viajou com o presidente Michel Temer na comitiva presidencial para o funeral de Mário Soares, em Portugal. E o presidente Renan Calheiros veio a Brasília para ajudar na articulação do preenchimento dos cargos. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), queria nomear para a Secretaria da Juventude a professora universitária cearense Jade Romero. Mas o grupo de Renan e Sarney venceu a queda de braço e garantiu a nomeação de Assis Filho, mesmo com suas pendências na Justiça e a oposição de outros partidos da base.
Segundo nota da coluna Lauro Jardim, o novo secretário nacional da Juventude, já nomeado , está envolvido em um processo que causou o afastamento do prefeito de Pio XII (MA), Paulo Veloso, por enriquecimento ilícito e violação de princípios administrativos. De acordo com o MP do Maranhão, a gestão de Paulo Veloso tinha uma série de funcionários fantasmas em sua folha de pagamento, cujos valores variavam de um salário mínimo a R$ 5 mil.
Questionado sobre a indicação do afilhado, o senador João Alberto disse que Francisco Assis está sendo injustiçado, que é um rapaz pobre, humilde e trabalhador. E reconheceu que foi uma indicação do grupo Sarney.
– Assis Filho é ligado a mim, João Alberto. Sua ligação é com João Alberto. Mas eu sou ligado a Sarney – respondeu o senador maranhense.
Sobre o fato de o novo secretário responder a processo por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa, João Alberto minimizou.
– Não é ele não. Assis Filho é um rapaz competente, um advogado trabalhador. Foi presidente da Fundação Ulysses Guimarães do Maranhão, presidente nacional da Juventude do PMDB e era superintendente da EBC no Nordeste. Deve ser uma pessoa com o mesmo nome. Assis Filho é um rapaz tão humilde, não tem nada! – defendeu João Alberto.
– É ele mesmo. Entrou com uma ação para desbloquear os bens alegando que estava interferindo em seus vencimentos da EBC. Ele acumulava salários de secretário de Cultura, assistente jurídico de outros órgãos. O Ministério Público diz que ele integrou esquema de fantasmas na prefeitura de Pio XII – explicou O GLOBO.
– Bom aí eu já não sei, pode ser, era secretário de Cultura. Mas é uma maldade fazer isso com ele – lamentou João Alberto.
Vinculada à Secretaria de Governo da Presidência, a SNJ é responsável por formular políticas públicas e promover cooperações com organismos nacionais e internacionais voltados para os jovens.