CHARLOTTE, EUA – A cidade americana de Charlotte encarou sua terceira noite de protestos nesta quinta-feira ? agora com patrulha da Guarda Nacional ?, novamente em protesto contra a morte de um homem negro baleado pela polícia. Desta vez, uma multidão pediu a liberação pela polícia do vídeo que mostra o episódio. Nos dois primeiros dias de protestos, as marchas acabaram terminando em violência, com muitos feridos. Um homem morreu após ser baleado na manifestação de quarta-feira. CHARLOTTE
? Resistência é linda! Não atirem ? gritavam manifestantes. ? Todas as vidas importam, as vidas dos negros importam.
Na segunda noite de manifestações do movimento ?Vidas negras importam?, ao menos 16 policiais e nove civis ficaram feridos e 44 foram presos. Um dos feridos foi internado em estado grave e morreu depois. Os confrontos levaram a Prefeitura a decretar estado de emergência. Os detidos são acusados de agressão, invasão e desobediência à ordem de dispersão.
O governador da Carolina do Norte declarou estado de emergência em Charlotte na quarta-feira à noite, após a segunda noite de confrontos provocados pela morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos, em uma ação da polícia.
? Não podemos tolerar a violência. Não podemos tolerar a destruição de propriedades e não toleraremos os ataques contra nossos policiais que acontecem neste momento ? afirmou o governador Pat McCrory à CNN.
A União das Liberdades Civis Americanas pediu à polícia de Charlotte que liberasse a filmagem do incidente. Todd Walther, da Ordem Fraternal da Polícia de Charlotte, disse que a divulgação do vídeo satisfaria algumas pessoas, mas não a todos, e que o público terá de esperar a conclusão da investigação.
A família de Scott emitiu um comunicado após ver o vídeo mantido sob sigilo:
“Temos mais dúvidas do que respostas”, disse a família numa nota. “Quando foi baleado e morto, Scott tinha as mãos a seu lado e caminhava lentamente para trás.”
Segundo a polícia, Scott foi morto pelo agente Brentley Vinson porque se negava a abaixar uma arma de fogo ? a versão depois foi mudada para dizer que ele não necessariamente portava uma. A família da vítima afirma que a vítima carregava apenas um livro.
? A história da arma é uma mentira ? afirmou à AFP Taheshia Williams, que tem uma filha que estuda na mesma escola que um dos filhos de Scott. ? Tiraram o livro e substituíram por uma arma. Este homem esperava sentado aqui todos os dias que o filho descesse do ônibus. Charlotte declara estado de emergência
O presidente Barack Obama ligou na quarta-feira para os prefeitos de Charlotte e de Tulsa, Oklahoma, onde na sexta-feira passada um policial matou outro homem negro que estava desarmado.
“Keith Lamont Scott. Terence Crutcher. Muitos outros. Isto tem que acabar”, escreveu no Twitter a candidata democrata à presidência, Hillary Clinton.
O candidato republicano Donald Trump fez um apelo na quarta-feira para “tornar os Estados Unidos seguros novamente”. Na quarta-feira, durante um evento em uma igreja afro-americana de Cleveland, Ohio, perguntou se a policial que atirou em Crutcher teria se assustado.
A tensão racial aumentou nos Estados Unidos nos últimos dois anos por uma sucessão de abusos e atos de violência da polícia, que terminaram com a morte de homens negros, desarmados na maioria dos casos. Trump culpa as drogas por violência em Charlotte