Cotidiano

MPF investiga empréstimos do BNDES a empresas da família Bumlai

SÃO PAULO – O Ministério Público Federal investiga empréstimos concedidos pelo BNDES ao pecuarista José Carlos Bumlai. O empresário, amigo do ex-presidente Lula, já responde por ter retirado empréstimo para o PT, em seu nome, no Banco Schahin, no valor de R$ 12 milhões – a quitação foi fraudulenta e atrelada a um contrato da Petrobras. As operações do BNDES estão sendo investigadas pela Procuradoria Geral da República no Distrito Federal, que pediu compartilhamento de provas com a Operação Lava-Jato.

Em documento enviado ao MPF, o BNDES informou que o Grupo São Fernando, que reúne as empresas da família Bumlai, recebeu empréstimos de R$ 496,6 milhões entre 2008 e 2012. De acordo com o banco, até o momento foram pagos R$ 252,6 milhões dos empréstimos tomados.

Do total repassado pelo BNDES à família, R$ 101,5 milhões foram liberados pelo Banco do Brasil e pelo BTG Pactual, que atuaram como intermediários nas operações, realizadas em 2012. O dinheiro foi liberado para a usina São Fernando Energia I um ano antes de o grupo ingressar na Justiça com pedido de recuperação judicial.

Os procuradores questionam se BNDES, Banco do Brasil e BTG Pactual sabiam da situação financeira complicada pela qual passava a empresa e, mesmo assim, aprovaram o acordo. O BNDES informou que cumpriu rigorosamente as normas nos empréstimos que liberou e que o risco de crédito, neste caso, é do Banco do Brasil e do BTG.

Segundo o banco, BB e BTG declararam que a empresa ligada a Bumlai teria capacidade de pagamento de suas obrigações.

O BNDES confirmou que a São Fernando passava por processo de reestruturação financeira e já era inadimplente em empréstimos tomados no banco quando o novo empréstimos foi liberado. A dívida alcançava R$ 394 milhões. Na renegociação direta com o BNDES, o Grupo Bertin assumiu R$ 50 milhões da dívida e também não honrou totalmente o compromisso e hoje enfrenta uma ação de execução do banco na justiça.

Bumlai está internado em São Paulo e exames médicos indicaram possível infecção. Preso na Lava-Jato, ele foi colocado em prisão domiciliar para tratamento de um câncer. O juiz Sérgio Moro havia determinado que retornasse à prisão no próximo dia 23, mas adiou para o próximo dia 30 depois de receber informações sobre o exame.

Moro aprovou o compartilhamento de provas. “A cooperação entre as diversas instituições públicas, com o compartilhamento das informações, é um objetivo político válido e que se impõe caso se pretenda alguma eficácia na investigação e persecução de crimes complexos, como os crimes de colarinho branco ou os crimes praticados por organizações criminosas”, escreveu o juiz.

(*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire)