Cotidiano

Moro e Dallagnol desmontam tese usada por Cunha no Conselho de Ética

SÃO PAULO ? O juiz Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol desqualificaram o principal argumento usado pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, para escapar da cassação no Conselho de Ética: a de que ele não tem conta no exterior e, sim, um trust. Para Moro é ?questionável? tentar justificar a não declaração de valores no exterior afirmando que eles pertencem a uma trust ou offshore. Já Dallagnol afirma que offshores e trusts são instrumentos de ?criminosos modernos e mais sofisticados?.

?O álibi de que as contas e os valores eram titularizados por trusts ou off-shore é bastante questionável, já que aparentam ser apenas empresas de papel, sem existência física ou real?, afirmou o juiz ao comentar sobre a offshore Köpek, utilizada por Claudia Cruz para pagar despesas de cartão de crédito:

?A Köpek, aliás, menos do que isso?, afirma o juiz.

Nesta quinta-feira, durante a coletiva da força tarefa para falar sobre a denúncia contra a mulher de Cunha, Dallagnol e o procurador da República Diogo Castor afirmaram que a utilização da trust serviu para tentar ocultar o rcursos ilícitos no exteior. Dallagnol foi irônico ao falar sobre o assunto:

? Quem cria um trust em benefício próprio é como se entregasse o dinheiro a um gerente de banco para depois recebê-lo de volta. Os criminosos mais antiquados usavam laranjas e testas de ferro (para ocultar os recursos desviados), criminosos modernos e mais sofisticados usam offshoes e trusts ? afirmou.

Tanto Dellagnol, quanto Moro reafirmaram nesta quinta-feira a posição da Procuradoria Geral da República sobre a participação de Cunha no esquema de corrupção. Eles defendem que há indícios e provas que mostram que Cunha foi beneficiário de propinas em contratos da Petrobras.

? O que vemos claramente, de maneira muito simples, que o verdadeiro controlador do dinheiro por trás da trust era o deputado Eduardo Cunha ? afirmou Dellagnol.