ROMA ? Mergulhada na incerteza sobre seu futuro político, a Itália poderia convocar eleições antecipadas já para o próximo mês de fevereiro, segundo o ministro do Interior, Angelino Alfano. A declaração ao jornal “Corriere della Sera” veio depois que o premier italiano, Matteo Renzi, anunciou que renunciaria ao cargo ? cumprindo a sua promessa de deixar o governo caso fosse derrotado em um referendo sobre sua proposta de reforma constitucional.
? Posso fazer um prognóstico sobre a vontade de andar a eleições em fevereiro. Naturalmente, será o presidente Sergio Mattarella que decidirá, não eu ? disse Alfano à publicação italiana.
Alfano é o líder de um pequeno partido de centro-direita que é crucial à coalizão governista de Renzi. Ele fez as previsões depois de ter discutido o assunto com o premier, que afirmou que deverá renunciar formalmente até sexta-feira.
No entanto, o país ainda precisa reformar a sua lei eleitoral antes de convocar novas eleições, o que poderia retardar o processo. Segundo Alfano, a Corte Constitucional italiana poderia fazer um pronunciamento que resolvesse a questão neste período.
Por enquanto, não se sabe exatamente qual será o destino do governo italiano após a saída do premier, cujo fim do mandato estava previsto apenas para 2018. A hipótese mais provável é a formação de um governo tecnocrático, com um novo líder apoiado pela atual maioria de centro-esquerda do Parlamento. Dentre os nomes mais cotados, estão o Presidente do Senado, Pietro Grasso, e o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan.
Também seria possível a dissolução do Parlamento e a convocação imediata de novas eleições, considerada uma alternativa pouco provável, sobretudo porque o país precisa primeiro definir sua nova lei eleitoral. E, mais improvável ainda, mas ainda possível, seria que Renzi recebesse um voto de confiança dos parlamentares – uma ideia que o premier aparentemente excluiu ao afirmar, no discurso de derrota, que sua experiência no governo havia chegado ao fim.
Segundo o professor Mattia Guidi, da Universidade LUISS em Roma, a manutenção de uma liderança de centro-esquerda apontada por Mattarella provavelmente não se sustentaria por muito tempo, embora com o objetivo de amenizar o abrupto impacto da reviravolta política a curto prazo. Por isso, sua aposta é a de que, mais uma vez, a Itália desmanchará o seu governo antes do tempo previsto, que seria em 2018.
– Acredito que Renzi não aceitará retirar a sua demissão, que já é irrevogável. Mas provavelmente ficará no cargo, pelo menos por um tempo, e depois haverá um governo que se ocupará de reformar a lei eleitoral antes das eleições. Mas a minha previsão é que haverá eleições antecipadas no ano que vem, porque será muito difícil manter um governo com uma liderança tão danificada – disse. – O Partido Democrático precisa entender se Renzi continuará a liderar o partido ou não. Esta é a legenda com mais assentos no Parlamento, então não se faz nada no governo sem ela e o tipo do próximo governo depende da permanência ou não de Renzi.