BRASÍLIA – O Ministério da Fazenda divulgou uma nota, na noite desta terça-feira, em que afirma que o titular da pasta, Henrique Meirelles, cortou todos os vínculos com o setor privado, desde que foi convidado a assumir o órgão. Sem citar nominalmente a operação Greenfield ? em que a Polícia Federal identificou indícios de desvios bilionários de fundos de pensão e várias pessoas foram presas ou levadas coercitivamente para depor, na última segunda-feira, a Fazenda fez um relato sobre a participação do ministro nos grupos investigados.
No comunicado, o Ministério da Fazenda esclarece que Meirelles foi membro do Conselho Consultivo da J&F e nunca dirigiu esta empresa ou a Eldorado. Acrescenta que o ministro se limitava a prestar consultoria, cujos serviços foram concentrados na montagem do Banco Original. “As empresas do grupo contavam com quadro de diretores, do qual Meirelles nunca fez parte”.
Segundo a nota, no fim do período de prestação de consultoria, o ministro assumiu, temporariamente e de forma transitória, a presidência do Conselho de Administração da J&F. Em nenhum momento, porém, exerceu quaisquer funções executivas na empresa, frisou o órgão no comunicado.
“O contrato de consultoria com a J&F estipulava que Meirelles não participava da gestão e não tinha acesso aos dados internos da empresa. Suas sugestões como consultor restringiam-se a assuntos do Banco Original ou para algum movimento estratégico, particularmente fora do Brasil, sobre o qual a J&F demandasse sua opinião. O contrato deixava claro que a empresa podia ou não adotar essas sugestões “, diz a nota.
A Fazenda também destacou que Meirelles foi membro do conselho de diversas empresas, além de ter desempenhado a função de chairman do Lazard Americas, um grande banco de investimento sediado em Nova York. Disse, ainda, que fez parte dos Conselhos de Administração da Azul e do Lloyds of London, posições onde tinha responsabilidades estatutárias, além de ter participado como senior advisor da Kolberg, Kravis and Roberts (KKR) e empresas de investimentos.
Quando convidado para o ministério, completou o órgão, Meirelles rescindiu todos os contratos e cessou todos os vínculos com o setor privado, da mesma maneira que fez ao assumir o Banco Central, em 2003, encerrando todas as atividades com o Bank Boston, instituição onde chegou a exercer a presidência mundial.
“Meirelles informa que houve um processo normal, rigoroso, feito com todo o cuidado e atenção, como sempre procedeu, não só na elaboração dos contratos como no encerramento desses termos. As rescisões contratuais prepararam o caminho para sua dedicação integral ao setor público, sem nenhuma ligação com o setor privado. Os vínculos foram encerrados transparentemente, de forma direta, objetiva, completa e cuidadosa “, diz a nota .