BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez uma apresentação incisiva em defesa da reforma da previdência a deputados do Partido Social Democrático (PSD) na manhã desta quarta-feira. Segundo ele, a reforma é ?a única forma de se ter um Orçamento manejável? e disse que, se as mudanças não forem aprovadas pelo Congresso, o país pode ?perder o controle? das contas públicas. A reunião foi a primeira de um dia repleto de encontros com bancadas. Até o fim da tarde, Meirelles ainda vai se encontrar com parlamentares do PRB e do PP. Ontem, ele já havia se reunido com o PMDB.
Ele destacou que ficará cada vez mais difícil para o governo cumprir com o teto para os gastos se os gastos com a Previdência não forem estabilizados em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Meirelles reconheceu que há um desgaste do governo na discussão de mudanças da Previdência, mas argumentou contra qualquer mudança para abrandar o projeto original dentro do Legislativo. A proposta do governo fixa uma idade mínima para aposentadorias e estabelece que, para receber o teto do benefício, os cidadão terão que contribuir por 49 anos.
? Não há dúvidas de que o mais fácil é não fazer nada. A questão é quais são as consequências. Uma reforma da previdência que seja tão diluída para não criar muita resistência também não resolve o problema. E para não resolver o problema, é melhor nem enfrentar o problema, criar o desgaste. Se for para fazer a reforma tem que ser uma que de fato funcione ? disse.
GOVERNO NÃO FABRICA DINHEIRO
O ministro mostrou diversas comparações com outros países e afirmou que o Brasil tem um dos maiores gastos (proporcionalmente ao PIB) com Previdência do mundo, equivalentes a de países como França e Alemanha. Meirelles disse que ?o governo não fabrica dinheiro? e afirmou que se as contas públicas se deteriorarem mais, os investidores passarão a temer os títulos do governo brasileiro, o que aumenta o risco país.
? A reforma não é uma opção, é uma necessidade ? disse.
TEMOS QUE EVITAR QUE PAÍS FIQUE COMO O RIO
O ministro citou o descontrole da Previdência do estado do Rio de Janeiro, com consequente desequilíbrio das contas públicas estaduais, e disse que o país tem que se cercar de ações para evitar chegar à mesma situação.
? (Se o acordo com o Rio for aprovado) A contribuição previdenciária no Rio subirá de 11% para 14% e ainda terá um adicional de 8% durante o período em que o regime de recuperação fiscal vigorar. Nós estamos falando de 22% de contribuição. O dobro do que é hoje. Temos que evitar que o Brasil chegue a essa situação do Rio.