Toledo Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmam que 74.473 pessoas ainda não foram alfabetizadas na região Oeste do Paraná. Os dados são do último censo populacional do Instituto, por meio de autodeclaração.
O que tem facilitado a alfabetização de quem não pode concluir o ensino fundamental ou médio são as EJAs (Escolas de Jovens e Adultos) espalhadas em todo o Estado. Muitos procuram a modalidade da educação básica para conseguir o certificado, principalmente quando há em jogo uma oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. O aluno busca a formação quando consegue ou está em busca de trabalho, já que isso será um diferencial, diz o professor Léo Inácio Anschau, de Toledo.
Até agosto deste ano, 147.459 alunos estavam matriculados em 367 instituições de ensino que ofertam EJA no Paraná. Apesar da iniciativa, no entanto, nos últimos três anos a Seed registrou queda de 6% nas matrículas, já que em 2013 eram 157.021 estudantes. Na regional de Foz do Iguaçu são 5,3 mil matrículas, em Cascavel cerca de quatro mil matrículas, e em Toledo mais de 4,5 mil, totalizando aproximadamente 14 mil alunos em 2016.
Isso é reflexo, de acordo com especialistas, da longa paralisação dos professores estaduais em 2015, que em dois momentos deflagraram greve. Esse período foi responsável pela migração de cerca de 30% dos alunos da EJA para o ensino à distância. Quem precisava dessa formação foi atrás de quem oferecia, já que naquele momento as aulas estavam interrompidas na rede estadual, explica o professor. Outros não seguiram o mesmo caminho e desistiram de prosseguir com os estudos.
Além disso, outros aspectos precisam ser levados em consideração. Um deles é o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que habilita muitos dos que passam por essa avaliação a concluir o ensino médio, seja por disciplina ou em âmbito geral. O candidato, neste caso, não precisa cursar a EJA, e pode estudar em casa. Ele necessita apenas alcançar a nota mínima exigida na prova.
Outro fator que reduziu o número de matrículas na EJA ao longo dos anos são os exames online ofertados pela Seed, que a partir do dia 5 de setembro estarão com inscrições abertas. A prova é aplicada conforme cronograma da secretaria, e contemplam as disciplinas do ensino fundamental e outras duas do médio, com a oferta de seis disciplinas em cada etapa. Os exames são destinados às pessoas na faixa etária superior à considerada própria no nível de conclusão do ensino fundamental, com no mínimo 15 anos completos, e do ensino médio, com 18 anos completos no ato da inscrição para as avaliações.
A EJA é uma modalidade de ensino da educação básica na qual os estudantes são matriculados por disciplina e os conteúdos estão previstos nas diretrizes curriculares. É ofertada na rede municipal, estadual e privada de ensino. Na rede municipal é ofertado o ensino fundamental – Fase I (séries iniciais), na rede estadual e privada de ensino são ofertados o ensino fundamental – Fase II (séries finais) e o ensino médio. Conforme a Seed, a EJA atende o disposto no Art. 37 da LDB Nº 9394/96, destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria. A modalidade é ofertada em Ceebjas (Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos) e em algumas escolas estaduais, em sua maioria no período noturno.
Controlar a evasão escolar também é importante
Entre os fatores já citados para a redução nas matrículas da EJA, existe um que é de extrema importância. O controle da evasão escolar, desde a infância até a adolescência, tem auxiliado nesse processo. Não estamos perdendo mais tantos alunos como antes, pois temos uma rede de proteção que vai atrás dos estudantes que deixam de frequentar a escola de repente, em parceria com o Ministério Público, Conselho Tutelar, Cras e Creas, explica Anschau.
Perfil
O público-alvo da EJA é diversificado. A maioria não teve acesso à educação na idade certa ou foram excluídos socialmente por diversos fatores. O perfil socioeconômico das pessoas que compõem esses índices, na sua grande maioria, pertence à classe baixa e vivem em vulnerabilidade social. São trabalhadores em áreas urbanas (indústria, comércio, carrinheiros e recicladores, etc.), áreas rurais ou de difícil acesso (agricultores, trabalhadores rurais temporários, assentados, acampados, indígenas, quilombolas, faxinalenses), além de atendimento a ribeirinhos e ilhéus. Também é ofertada a EJA nos estabelecimentos penais do sistema prisional e nos centros de socioeducação. A procura ocorre pela necessidade de escolarização e de certificação, qualificação profissional, melhora da autoestima, satisfação pessoal, manutenção do emprego, continuidade dos estudos, entre outros. No Paraná, 44% das matrículas são de alunos entre 26 e 45 anos.
Matrículas no Paraná
2013: 157.021
2014: 154.772
2015: 147.960
2016:147.459