Cotidiano

Marcha pela paz recordou 40º aniversário do levante de Soweto

201606110911202712_AFP.jpg Soweto JOAHNNESBURGO – Pela primeira vez desde o levante dos estudantes de Soweto, em 1976, alunos que foram baleados e ex-soldados do regime desfilaram lado a lado em uma passeata neste sábado. A marcha aconteceu exatemente neste subúrbio de Joahnnesburgo, que foi palco de um dos episódios mais violentos da luta contra o apartheid.

Em 16 de junho de 1976, milhares de estudantes de Soweto tomaram as ruas do gueto negro em protesto contra um ensino oferecido completamente em africâner, o idioma do opressor branco. Em resposta, a polícia efetuou disparos, fazendo com que a revolta se espalhasse por outros subúrbios. Poucos meses depois, a repressão já havia causado cerca de 500 mortes, deixando clara a violência do regime segregacionista, que caiu só em 1994.

Para marcar o 40º aniversário da revolta, representantes do movimento participaram, então, de uma marcha pela paz, junto com os antigos soldados a serviço do regime branco da época. Mas, apesar do clima de paz, famílias das vítimas não aprovam a comemoração.

– É um falta de consideração para conosco – reagiu à AFP Granny Seape, irmã de Hastings Nldovu, que recebeu uma bala cabeça aos 17 anos.

Já os ex-soldados consideraram uma oportunidade para “fechar as feridas do passado e avançar”.

– A maioria dos veteranos são atualmente avós. Devemos ensinar a nossos netos um novo paradigma: não nos odiarmos mutuamente, e sim trabalhar juntos – afirmou o ex-soldado Jan Malan.