RIO ? Depois que um caminhão avançou sobre um mercado de Natal de Berlim na noite de terça-feira, em um episódio que está sendo oficialmente investigado como um ataque terrorista pelas autoridades alemãs, líderes populistas europeus reforçaram seu discurso anti-imigração. Os críticos responsabilziam a chanceler alemã Angela Merkel pelo atentado, uma vez que o seu governo abriu as portas do país aos refugiados frente à crise migratória do ano passado. Por enquanto, nenhum grupo reivindicou o ataque, mas a imprensa alemã identificou o autor do massacre, que matou 12 pessoas e feriu outras 48, como um jovem de origem paquistanesa que chegou há cerca de um ano na Alemanha.
Na noite de segunda-feira, pouco após o atentado no mercado de Berlim, o líder do partido alemão de extrema-direita AfD, Marcus Pretzell, tentou colocar a tragédia como responsabilidade da chanceler alemã e referiu-se aos mortos como “vítimas de Merkel”.
Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, emitiu um comunicado em que expressou suas condolências ao povo alemão. E reforçou o pedido para que os governos fechem as fronteiras aos imigrantes que pedem abrigo na Europa.
“Há emoção, mas a indignação é muito forte: quantos massacres e mortos serão necessários para que os nossos governos parem de deixar entrar no nosso país desprovido de fronteiras um número considerável de imigrantes, enquanto sabemos perfeitamente que os terroristas islâmicos se misturam ali?”, escreveu a líder da Frente Nacional, que também defendeu uma aliança estratégica entre Wahington, Paris e Moscou contra o fundamentalismo islâmico.
Por sua vez, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que o “mundo civilizado” deve mudar seu pensamento frente à ameaça terrorista em várias partes do mundo:
“Hoje houve ataques terroristas em Turquia, Suíça e Alemanha ? e está apenas piorando. O mundo civilizado precisa mudar sua forma de pensar!”, escreveu em seu Twitter.
Em pronunciamento desta manhã, Merkel reconheceu que seria particularmente difícil para o país se o atentado tiver sido cometido por um refugiado.
? Eu sei que seria particularmente difícil de aceitar para todos nós se fosse confirmado que a pessoa que cometeu este crime pediu proteção e abrigo na Alemanha. Isto seria particularmente repulsivo frente aos muitos, muitos alemães que se dedicaram dia após dia para ajudar refugiados e frente às muitas pessoas que precisam da nossa proteção e tentam se integrar ao nosso país ? disse a chanceler.
Como parte da investigação, uma unidade especial da polícia alemã fez uma operação de busca em um abrigo para refugfiados em Berlim, onde o suposto motorista do caminhão havia sido registrado. A operação aconteceu às 04 horas da manhã (horário local) desta terça-feira, cerca de oito horas após o caminhão avançar sobre o mercado. No local vivem cerca de 2 mil refugiados e ninguém foi preso. Os investigadores apreenderam apenas um laptop e um telefone celular.
No entanto, as autoridades buscaram tranquilizar a população e disseram não haver indícios de outras situações perigosas na região, mas pouco depois bloquearam uma rua nos arredores do mercado, chamada Rankestrasse, para “investigar um item suspeito” – que acabaria sendo identificado como um saco de dormir. Mais tarde, de acordo com o “Jornal Nacional”, houve nova correria nos arredores do mercado e mais uma pessoa foi presa – sua identidade não foi divulgada.