CURITIBA (PR). Cotado para substituir Alexandre de Moraes no Ministério da Justiça, o advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz sofre oposição da Lava-Jato em Curitiba. Três integrantes da força-tarefa ouvidos pelo GLOBO citam as críticas do criminalista à operação e à delação premiada como razões para não o desejarem na liderança do combate à corrupção.
Reservadamente, eles torcem pela escolha de nomes como o do ex-ministro Carlos Ayres Britto para o posto, um dos citados nos últimos dias por auxiliares de Temer. No entanto, Britto declarou recentemente não ter interesse em aceitar o cargo.
Mariz foi convidado por Temer para assumir a pasta pela primeira vez em abril de 2016, durante o governo interino do então vice-presidente. Dado como certo na ocasião, o nome foi descartado depois das críticas à condução da força-tarefa e sugerir que a Polícia Federal deveria ter outras prioridades além do combate à corrupção.
O advogado criminalista atuou como advogado do empresário Lúcio Funaro, suspeito de ter pago despesas do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Foi o responsável pela defesa do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, mas deixou o caso depois que ele firmou acordo de colaboração premiada.
O advogado fez parte do grupo de advogados que assinou um manifesto que comparava a Lava-Jato a “uma espécie de Inquisição” e à ditadura militar, no ano passado..
Entre os citados, outro nome considerado ruim pela lava-jato em Curitiba é do senador mineiro Antonio Anastasia (PSDB-MG), em função da atual conjuntura política e do fato de políticos do PSDB serem alvos das próximas fases da Lava-Jato.
A citação ao nome de José Maria Beltrame também é vista com ressalvas. Isso em função de divergências do ex-delegado federal com colegas de corporação no Rio de Janeiro e também com o atual diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
Depois que deixou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Beltrame solicitou uma transferência como adido da PF no exterior, pedido recusado por Daiello. O dirigente optou, então, por pedir a aposentadoria e ingressar na iniciativa privada.
Para os investigadores, Ayres Britto seria o melhor nome entre cotados em função de sua “postura republicana”. Seja como ministro do STF ou palestrante, nos dias atuais, Britto é vinculado a um discurso de combate à corrupção interpretado como “mais alinhado” à filosofia da força-tarefa.