BRASÍLIA – Baixa que complicou ainda mais a situação da presidente afastada Dilma Rousseff na votação do impeachment no Senado, o presidente da Comissão de Ética da Casa, João Alberto de Souza (PMDB-MA) culpou o isolamento político no estado, e a hostilidades do grupo do governador Flávio Dino (PCdoB), pela virada de seu voto ontem a favor da cassação do mandato da petista. Ele rejeita a pecha de ?traidor? e diz que votou também em função da conjuntura política: a presidente afastada, sem votos na Câmara e Senado, não tem condições de voltar a governar.
Ele nega também que tenha mudado o voto a pedido de seu mentor político, o ex-senador José Sarney. João Alberto votou contra a admissibilidade do impeachment na primeira votação em plenário por considerar que não houve comprovação da prática de crime de responsabilidade.
? No PMDB, de 18 senadores, só a Kátia Abreu e o Requião ficaram com Dilma. Eu não posso ficar isolado num estado em que o governador nos hostiliza. Ninguém me cobrou por minha escolha. No Senado sou muito bem respeitado. Faço tudo de cabeça erguida ? disse o senador João Alberto.
Ele disse que não esteve com Dilma. Líderes do PT disseram que João Alberto foi procurado pelo governador Flávio Dino para tentar segurar seu voto contra o impeachment, sem sucesso.
? O Flávio Dino foi falar com ele. Mas seus aliados disseram que ele ia ficar mal com o lado de lá e nem seria bem recebido no grupo de Dino ? contou um dos senadores do PT.
João Alberto disse que decidiu seu voto ontem depois de conversar com colegas senadores, que lhe alertaram sobre os problemas para o país com a possível volta de Dilma.
? Votei pelo afastamento da presidente Dilma mais em função da conjuntura. Se ela não tiver maioria no Senado e na Câmara fica muito difícil governar. Eu gosto muito de Dilma, não tenho absolutamente nada contra ela, mas a conjuntura não lhe é favorável ? disse João Alberto.