SÃO PAULO – O economista Marcio Milan, da consultoria Tendências, considera que é possível que o Brasl tenha uma meta de inflação de 3%. Mas isso só deve acontecer quando a economia voltar aos trilhos do crescimento e com a aprovação das reformas propostas pelo governo. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse hoje que o Brasil terá uma meta de inflação de 3%, comos os demais países emergentes, no longo prazo.
– É possível, quando a economia voltar ao normal. mas não existe um prazo para isso. Quando a economia voltar a crescer, com as reformas aprovadas e o Brasil ficar menos suscetível a choques externos que causam aumento de preço, o BC poderá fixar a meta em 3%. Longo prazo é uma expressão abstrata, mas o presidente do BC a usou porque não é possível determinar uma data para isso – disse Milan.
Ele observa que o histórico de indexação de preços existente no Brasil atrapalha essa trajetória. Atualmente, a economia brasileira ainda tem muitos contratos indexados a índices de inflação, que replicam os índices para o ano corrente. O economista avalia que é preciso abrir uma discussão sobre outras formas de indexar essas contratos, que não impactem na inflação.
O economista diz que não é possível trazer a meta de inflação de forma abrupta para 3%. isso certamente causaria estragos atualmente. Mas ao sinalizar que pode fazer esse movimento de forma gradativa, o BC enxerga que a economia tem condições de conviver com uma variação de preços menor.
– Não pode ser abrupto, como aconteceu com os juros em 2013, quando o BC baixou a Selic para 7,25% e obrigou os bancos públicos a fazer o mesmo. A inflação subiu e o juro teve que voltar a um patamar elevado. Esse tipo de estratégia com a meta de inflação também não funciona. É preciso ir baixando a meta gradativamente – disse Milan.