WASHINGTON – Um novo relatório do Banco Mundial conclui que a incerteza política está desacelerando o crescimento comercial, indicando que tendência protecionista do presidente americano Donald Trump no cenário político internacional já pode estar afetando a economia global.
Importantes entidades internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elevaram recentemente as perspectivas para o crescimento econômico global, diante da expecatativa pela redução de impostos e aumento de gasto com infraestrutura, mas o documento do Banco Mundial, divulgado nesta terça-feira, destaca a situação frágil do comércio mundial.
Segundo o jornal ?Financial Times?, o relatório não cita o nome de Trump, mas chama atenção para o crescimento do protecionismo e o fim de acordos comerciais ? passos adotados pelo presidente americano, que já decretou a saída do Acordo Transpacífico (TPP) e a intenção de revisar o Acordo de Comércio Norte-Americano (Nafta).
O comércio internacional tem crescido abaixo de tendências históricas nos últimos cinco anos, indica o ?FT?. A alta de 1,9% registrada em 2016, informa o Banco Mundial, foi o ritmo mais baixo desde 2009, ano seguinte à crise financeira mundial.
A principal influência sobre tal resultado no ano passado, segundo o documento, foi a incerteza em torno de políticas econômicas, tanto em países desenvolvidos quanto emergentes. De acordo com cálculos do Banco Mundial, tal incerteza responde por 0,6 ponto percentual na queda de 0,8 ponto percentual do crescimento comercial entre 2015 e 2016.
A equipe responsável pelo estudo indicou que o comércio mundial cresceu a uma taxa anual de 6,53% entre 1995 e 2014. Sem a inclusão de novos membros (incluindo a China) na Organização Mundial do Comércio ou nenhum acordo comercial assinado, a atividade comercial teria crescido apenas 4,76% por ano, aponta o relatório, segundo o ?FT?.
Como consequência desse processo está o desenvolvimento de cadeias globais de fornecimento. Tais redes são consideradas amplamente por economistas responsáveis por ter tornado negócios eficientes e impulsionado a produtividade.
?Preservar e expandir o alcance de acordos comerciais, ao invés de retroceder em compromissos existentes, ajudaria a sustentar o crescimento da produtividade?, argumentam os economistas.