RIO – ?Vende-se ilha com 200 mil metros quadrados, piscina e casarão com dois
pavimentos, seis quartos, cinco banheiros, três salas, lareira, copa, cozinha,
lavanderia e dependências completas. Tratar com o estado?. Assim poderia ser o
anúncio da Ilha de Brocoió, na Baía de Guanabara, que o governo pretende agora
vender, como parte de um pacote de medidas para tentar combater a crise.
Localizada a 300 metros de Paquetá, a ilha tem a casa de veraneio do governador
e foi doada por decreto ao Rioprevidência, juntamente com outros nove imóveis,
que também serão comercializados.
O valor da venda ainda não foi estimado. O Rioprevidência afirma que primeiro
será feita a verificação da regularidade fundiária e das características do
imóvel. Em seguida, será realizada uma avaliação da propriedade. A partir daí,
um edital de licitação será elaborado e, após o documento passar pelo crivo do
Tribunal de Contas, o processo de licitação vai ser marcado. Crise – 09/06
Brocoió está abandonada há cerca de dez anos. Guri, um
vira-lata que vive por lá, disputa o território com patos e galinhas. Entre
chefes do Executivo, a ex-governadora Rosinha Garotinho foi a última a desfrutar
o espaço. Ela gostava de se exercitar pelo terreno. De lá para cá, o cenário foi
se deteriorando. A grama do jardim está seca, o telhado do casarão foi coberto
por sujeira, o piso está desgastado e a piscina, vazia. Além disso, a areia da
praia está tomada por lixo. Dois policiais militares se revezam na segurança e
três funcionários se encarregam da manutenção. Um deles é o faz-tudo Daniel
Miranda, que capina, varre a casa, troca lâmpadas… e daria um ótimo corretor
de imóveis.
? Se eu tivesse dinheiro, compraria. Uma ilha imensa
como esta, um lugar bonito como este… A paisagem é linda, e a casa é histórica
? destaca o funcionário.
Segundo historiadores, a ilha foi comprada em 1930 pelo
empresário Octávio Guinle, da condessa Maria Albertina Saraiva de Souza e da
empresa inglesa City Improvements. Foi o novo proprietário que construiu o
casarão.
? O projeto é do arquiteto francês Joseph Gire, o mesmo
do Copacabana Palace (que também era da família Guinle), responsável ainda pelo
Edifício A Noite, na Praça Mauá ? conta o historiador Milton Teixeira.
VISITAÇÃO FOI SUSPENSA
O palacete em estilo normando, que desde 1965 é tombado
pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), foi erguido com esmero:
o hall tem piso em mármore de Lioz vindo de Portugal, a escadaria que liga seus
dois pavimentos é em jacarandá e as paredes, em boiserie, técnica francesa de
revestimento, que consiste em molduras com painéis em relevo.
Em 1944, a ilha foi comprada pela prefeitura do então Distrito Federal, que a
converteu em patrimônio público. Com a mudança da capital para Brasília, passou
a ser propriedade do estado da Guanabara.
Procura-se comprador para a Ilha de Brocoió? Em seu governo, Carlos Lacerda abriu a ilha à
visitação, mas ela foi tão vandalizada, que Lacerda voltou atrás ? afirma
Teixeira.
Desde então, o acesso a Brocoió segue restrito.
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