Cotidiano

Gestão temporária vai abrir Hospital Regional

Toledo – O Hospital Regional de Toledo, que começou ser construído em 2012 e que segue de portas fechadas desde 2015, pode ser aberto de forma temporária como Hospital Municipal. Líderes locais anunciaram que a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) assumirá a obra depois de um ano, então em caráter de hospital escola.

O prefeito de Toledo, Lúcio de Marchi, anunciou em reunião na noite de quinta-feira (8) que no primeiro dia de junho deste ano a estrutura será aberta para atendimentos. A Emdur (Empresa de Desenvolvimento Urbano e Rural de Toledo) será responsável pelas obras de adequação e reforma da estrutura que, além de erros de execução, já está desgastada com a ação do tempo.

A proposta apresentada é a abertura de 24 leitos de internamentos clínicos, seis leitos de internamentos em saúde mental, quatro consultórios para consultas de especialidades médicas e centro de diagnóstico por imagem. O Hospital não atenderá alta complexidade e os outros 36 leitos clínicos e a Unidade de Terapia Intensiva permanecem inativos nesta fase.

A abertura provisória é justificada pela Secretaria de Saúde de Toledo como a saída para que a obra não siga fechada até que a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) se oficialize como gestora do Hospital. O anúncio oficial será feito em março após a assinatura do protocolo de intenções entre a prefeitura, a Secretaria Estadual da Saúde, o Ministério da Saúde, a UFPR (Universidade Federal do Paraná) e a Ebserh. Nesta fase, os pagamentos de servidores seriam feitos pela União, por meio de convênio com o MEC (Ministério da Educação).

O secretário de Saúde de Toledo, Thiago Stefanello, afirma que a vocação da obra agora é ser tornar Hospital Universitário. “Não podemos tirar recursos do Bom Jesus, por exemplo”, disse, lembrando que o trabalho precisa ser feito em rede e com base em estudos que mostram o caminho viável para todas as instituições que estejam de portas abertas e atendendo pelo SUS.

O custeio previsto para essa fase fica em torno de R$ 1 milhão. Thiago Stefanello comenta que serão cerca de 80 profissionais de saúde e que já se iniciou essa discussão com os gestores dos outros municípios que serão atendidos para haver uma divisão das despesas.

Elefante branco

Presente na reunião, o diretor técnico do Consamu (Consórcio Intermunicipal da Rede de Urgência e Emergência dos Municípios do Oeste do Paraná), Rodrigo Nicácio, explanou sobre a necessidade urgente da abertura do Hospital, uma vez que a UPA e o Mini Hospital acabam atendendo uma demanda que não é da responsabilidade deles. “Quando estamos em socorro aéreo e sobrevoamos aquele grande ‘elefante branco’ ficamos tristes e imaginando todas as possibilidades que aquele investimento pode trazer para a saúde regional”, declarou, para então comemorar a possibilidade de abertura.

Uma reunião com o Ministério Público já está marcada para que os detalhes da tratativa sejam analisados pelo órgão.

Reflexão Regional

O que era para ser uma reunião para “comemorar” a possibilidade de abertura do Hospital Regional de Toledo acabou se tornando uma tentativa de responder à reportagem publicada no Jornal O Paraná de terça-feira, na qual várias pessoas envolvidas no projeto de construção alertaram sobre o risco de o hospital virar um elefante branco e ter sua finalidade alterada, sem atender a alta complexidade e voltar-se apenas a casos de baixa e média complexidade, sob o forte risco de se tornar inviável em poucos meses.

O secretário de Saúde de Toledo, Thiago Stefanello, não escondeu sua irritação com o teor da reportagem. Sem citar diretamente o nome do jornal, Thiago Stefanello disse que chamar o HR de “postão” era parte do discurso de uma “política rasteira” e negou a afirmação de que as alternativas ao hospital sempre vêm à tona em períodos eleitorais.

A preocupação da reportagem era justamente alertar para o risco de ter uma importante obra desviada da sua missão, apenas para atender a alguns discursos políticos.

A expectativa para a abertura do Hospital Regional é tão grande que pode até imobilizar os adversários políticos do governador Beto Richa quanto à reflexão do assunto. Ninguém quer levantar discussão sobre o assunto temendo ser interpretado como “trava” para a abertura do espaço aguardado pela população.