RIO – Uma nova operação da Polícia Federal cumpre na manhã desta quarta-feira 19 mandados no Rio e em Porto Alegre relacionados à Operação Lava-Jato e tem como alvo principal o ex-diretor da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. Atualmente, ele está em prisão domiciliar e foi detido novamente hoje em um dos mandados de prisão preventiva. A operação denominada “Pripyat” é a estreia da força-tarefa da Lava-Jato no Rio e apura sobretudo desvios de recursos nas obras de Angra 3. Outro alvo da ação é o atual presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, afastado por ordem judicial. Não há mandado de prisão contra ele. Seis funcionários da empresa, que integravam o núcleo operacional das fraudes, tiveram a prisão preventiva decretada.
As investigações encontraram sinais de que o operador Adir Assad, preso na “Operação Saqueador”, também agia na Eletronuclear.
Cento e trinta policiais federais cumprem, no Estado no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, além das seis prisões preventivas, outros três mandados de prisão temporária contra operadores financeiros, nove de condução coercitiva e 26 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A ação está sendo realizada em conjunto com o Ministério Público Federal e apura os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O nome da operação faz menção a uma cidade da Ucrânia que fica perto da central nuclear de Chernobil, lugar onde ocorreu o maior acidente nuclear da história. A ação que apura esquema de corrupção na Eletronuclear foi alvo da 16ª fase da Lava-Jato em Curitiba, em julho do ano passado, denominada “Radiotividade”. Ela foi desmembrada e passou a correr na 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
A ação penal sobre o esquema de corrupção na Eletronuclear foi desmembrada da apuração do esquema de corrupção na Petrobras no último dia 29 de outubro, e encaminhada para a Justiça Federal do Rio. Com o desmembramento, deixou de ser julgada pela corte federal no Paraná.
Othon é acusado de receber R$ 4,5 milhões de propina das obras da Usina Nuclear de Angra 3. Em abril, em depoimento na 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, o ex-presidente admitiu que usou contratos de fachada feitos com empresas de amigos para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez, mas negou que fosse propina.
O Ministério Público Federal já tinha pedido a condenação do Othon e a sentença estava prevista para sair nas próximas.