Cotidiano

Erros na execução do projeto explicariam buracos no novo Joá, dizem especialistas

Goteiras surgem no novo Elevado do JoáRIO – Iniciada em junho de 2014, a construção do novo Joá durou dois anos. Durante
este período, centenas de operários e técnicos trabalharam duro junto à encosta
para erguer um elevado que custou R$ 458 milhões à prefeitura. Os serviços
incluíram a abertura de dois túneis com auxílio de máquinas e dinamite, exigindo
conhecimento geológico detalhado das características do solo. Mesmo assim, nem a
GeoRio, que fiscalizou as intervenções, nem a construtora Odebrecht, que
executou o projeto, tomaram medidas preventivas para evitar infiltrações de água
que vazaram na formação rochosa (fraturas) sob a pista. Segundo a própria
Odebrecht, que faz os reparos sem ônus para o município, essas infiltrações
levaram ao surgimento de buracos no asfalto esta semana, apenas dez dias após a
inauguração da obra.

?PEGA MAL PARA A CIDADE?

Na avaliação de especialistas consultados pelo GLOBO, o
problema, que poderia ser evitado, pode ser explicado por alguma falha entre o
planejamento e a execução dos trabalhos. links joá

? Quem projetou a pista deveria ter previsto um sistema de drenagem capaz de
absorver essa água das fraturas, evitando a infiltração. Afinal, a construtora
foi responsável pela abertura dos túneis, também tinha ciência das falhas na
rocha. A solução é refazer a drenagem. Esses serviços nem são tão complexos ?
observou o chefe do laboratório de Geotecnica da Coppe/UFRJ, Maurício Ehrlich,
acrescentando: ? O problema é que falhas têm ocorrido não apenas no Joá, mas em
outras obras públicas recém-inauguradas às vésperas da Olimpíada. Pega muito mal
para a imagem da cidade, e coloca sob suspeição parte do legado do evento.

O geólogo Gelson Cardoso da Silva Júnior, professor do Laboratório de
Hidrogeologia do Instituto de Geociências da UFRJ, observa que os buracos
apareceram justamente no trecho em que as pistas estão mais próximas da encosta,
o que reforça a informação divulgada pela construtora.

? Esse tipo de fratura é facilmente identificada em encostas. Durante as
obras, era possível observá-las, inclusive durante a travessia do trecho antigo
do Joá ? disse Gelson.

Os especialistas também acreditam que as goteiras
observadas em um dos novos túneis, entre a noite de quarta-feira e a madrugada
de ontem, também sejam provocadas por fraturas na rocha que não foram tapadas.
Os problemas mereceram um comentário irônico do engenheiro Cláudio Nasser, que
tem 40 anos de profissão:

? Infiltração em rocha existe desde que o mundo é mundo. Mas eles não
notaram.

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