Cotidiano

Erros de quem tenta aprender matemática e não consegue

A ideia de que a matemática é um bicho de sete cabeças costuma ser passada de geração em geração. A aversão à matéria é tão comum que ganhou até um termo específico: a matofobia. Muitas vezes, esse pânico dos números dissemina-se mais por uma questão cultural e não real. O primeiro dos erros é nem tentar aprender, criando a priori uma dificuldade, que talvez nem exista.

E atrás desse primeiro erro vêm muitos outros, com apontam os professores Rodrigo Sacramento, que faz parte do QG do ENEM, e Thiago Salvador, professor de ensino médio e técnico.

ERRO 1: Se deixar influenciar

Sabemos que a opiniões dos pais e de outras pessoas nos influencia. Mas elas não podem nos impedir de termos as nossas próprias experiências. Se a matemática foi algo muito difícil para quem te rodeia, tenha certeza de que com você pode ser diferente. Procure ver os professores como aliados no processo de aprendizado e não fique numa atitude infantil de resistência.

– O aluno precisa superar os obstáculos. Essa é uma atitude que ele precisa ter perante a própria vida e também em relação à matemática. Ao buscar pelo conhecimento em outros livros, cursos, vídeos e até professores. Ele consegue encarar e vencer o medo, aposta Thiago Salvador.

ERRO 2: Pular o básico

O ensino fundamental é base do conhecimento que o aluno vai precisar para os entendimentos do ensino médio e assim por diante. Se ele começar a ter dificuldades já na tabuada, pode desenvolver um trauma. Da mesma forma, se não saber multiplicar, não saberá dividir, e por aí vai.

– O aluno precisa refazer a sua base em matemática. Ele precisa procurar um curso ou professor que esteja focado nesse objetivo. Depois que ele conseguir, as matérias ficarão muito mais tranquilas. Comparando o aluno com um prédio, se ele entra no ensino médio com os alicerces fracos, ele aprende os conceitos, entende a teoria, mas na hora de fazer as contas, ele não consegue, sentencia Rodrigo Sacramento.

ERRO 3: Não enxergar o lado prático

A gente não aprende matemática apenas tendo uma nota como objetivo. Apesar da aprovação não deixar de ser a meta. Ter apenas esse foco pode desencadear um bloqueio, pois é necessário entender a matéria de forma mais completa, com suas aplicações na vida prática.

Rodrigo recomenda relacionar o que está sendo ensinado a partir de um contexto, com o próprio dia a dia. Thiago concorda e complementa:

– Se o aluno fica preocupado apenas em resolver aquele exercício em vez de entender o que está por trás dele, ele está errando, mesmo se acertar na prova. A matemática está em todos os lugares: do simples ato de acordar e ter noção de espaço e tempo, dar um troco, calcular os 10% de um restaurante, saber qual produto está mais barato ou mudar um móvel de lugar.

ERRO 4: Ser escravo da calculadora

Não é porque a tecnologia está cada vez mais acessível que podemos ficar na dependência dela. O aluno não pode ser escravo da calculadora, alerta Thiago. Se não dominar as contas básicas, o estudante terá muita dificuldade na hora da prova.

– Não dá pra abrir mão da lógica e do pensar matemático. Você tem que entender o que está fazendo – afirma o professor.

ERRO 5: Ficar na decoreba

Já se acreditou que saber matemática significava decorar conteúdos. No começo do século XX, aquela pessoa que sabia fazer contas enormes de cabeça era uma pessoa admirada. Hoje em dia, isso perdeu o sentido. Atualmente, o aluno precisa antes de tudo entender as fórmulas, esclarece Rodrigo:

– O aluno nunca vai conseguir decorar todas as fórmulas. Ele precisa entender o porquê delas. Se ele entender e esquecer a fórmula, consegue ir em frente e resolver a questão mesmo assim.

ERRO 6: Exercitar pouco

Muitos acham que apenas as aulas são suficientes para aprender. Mas é preciso ter em mente que a prática leva à perfeição. São os exercícios que firmam o entendimento. Outra coisa que faz diferença é seguir uma ordem nos exercícios, indo do mais fácil ao mais complexo.

– Matemática é 50% de uma boa aula e 50% de uma lista de exercícios baseada na aula. Muitas vezes o aluno acaba desistindo da lista por ela não estar nivelada. O ideal é que ela venha do exercício mais fácil para o mais forte a fim de ir construindo o conhecimento, pontua Thiago.