Foi durante uma campanha do Outubro Rosa que a professora Norma Hofstaetter viu sua vida virar de cabeça para baixo. Em 2011, um diagnóstico positivo para câncer de mama fez com que se afastasse do trabalho para se dedicar em tempo integral ao tratamento. E que batalha. Segundo ela, foram quatro sessões de quimioterapia e 33 de radioterapia, que lhe causaram fortíssimos efeitos colaterais.
“Estava há três anos sem fazer a mamografia e depois que um dos meus filhos falou sobre o movimento Cascavel Rosa é que me atentei sobre a importância do exame. Ganhei de uma amiga a camiseta do movimento e pensei: ‘não posso só usá-la, preciso fazer a mamografia’. Adiava o exame por conta do trabalho, até que marquei e um câncer foi detectado na minha mama direita”, lembra Norma.
Com o resultado em mãos, era preciso encarar a doença. O apoio da família, conforme Norma, foi fundamental. Não demorou muito para que os primeiros fios de cabelo começassem a cair. Ela decidiu raspar o cabelo e, para sua surpresa, os filhos copiaram o visual da mãe. “Quando vi, eles já tinham raspado o cabelo também”, conta.
A recompensa da luta veio um ano depois. Norma estava curada. A notícia foi comemorada, mas os cuidados continuam. Mesmo afastada do hospital, a paciente ainda toma remédios. “Mas isso é o de menos, já que faz parte de todo o processo”.
O câncer lhe trouxe vários ensinamentos, principalmente quando o assunto é prestar atenção à saúde. Hoje ela não deixa de passar por bateria de exames a cada seis meses, inclusive a mamografia, e dá um recado neste Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama, lembrado hoje: “A vida é muito boa! Precisamos estar atentas a qualquer sinal e buscar tratamento. Os exames devem ser feitos com regularidade, já que às vezes a doença aparece de repente”.
Câncer ainda mata
De acordo com o enfermeiro Daniel Loss, da Seção Epidemiológica da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, entre os 25 municípios da área de abrangência, houve registro de 21 mortes neste ano em decorrência do câncer de mama. Em todo o ano passado foram 41 óbitos. No Paraná, conforme o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a incidência de câncer de mama é de 64,7 casos a cada 100 mil habitantes.
Exceção
O médico mastologista Douglas Soltau Gomes diz que a redução da taxa de incidência e dos óbitos ocorre por diversos fatores. Um deles – e que tem grande influência quanto à letalidade – está relacionado ao diagnóstico precoce. “Quanto antes detectado o câncer, maiores as chances de cura”.
Programas de rastreamento genético e acesso facilitado a exames, inclusive por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), também contribuem: “Mesmo pelo SUS o acesso ainda é muito maior aqui do que em outras regiões do País, como a Norte e a Nordeste”.
As estatísticas regionais e estaduais, no entanto, não representam o cenário nacional. Segundo Gomes, neste ano 59,7 mil novos casos de câncer de mama serão diagnosticados no Brasil. O número é 3% maior que em 2017, quando 57.960 mulheres foram diagnosticadas com a doença.