MBA RIO – Se depender da análise do diretor geral do Instituto
Coppead de Administração da UFRJ, Vicente Ferreira,
os executivos brasileiros que buscam uma especialização estão muito bem
servidos. De acordo com ele, as escolas de ponta estão em sintonia com mercado
internacional, oferecendo ótimas oportunidades. Mas, na hora de escolher o curso, é preciso tomar alguns
cuidados.
O GLOBO – Como o senhor enxerga a evolução dos cursos oferecidos no Brasil nos últimos anos?
VICENTE FERREIRA – Nos últimos anos, as Escolas de primeira linha no Brasil sofisticaram significativamente seus cursos. Dois fatores principais impulsionaram esse cenário: primeiro, uma maior exposição dos executivos brasileiros ao mercado internacional tanto profissional quanto de educação executiva e, segundo, uma grande afluência de executivos estrangeiros para o Brasil, que buscavam escolas de renome internacional em nosso país para se manterem atualizados.
Eles são tão bons quanto os oferecidos em grande polos mundiais?
Ao menos nas escolas de primeira linha, com certeza. O que mais diferencia os cursos nas escolas de negócios ao redor do mundo não é, em princípio, o conteúdo. O que muda, de verdade, é o comprometimento com a carreira de seu ex-aluno e a qualidade dos alunos que a escola consegue atrair para as suas salas de aula.
E como evoluiu a relevância desses cursos aos olhos das empresas?
Já não é de hoje que as empresas entendem que seus executivos de topo devem estar permanentemente bem informados e formados sobre o que acontece no mundo, dentro e fora de suas áreas de negócios. As mudanças nos paradigmas competitivos tornam ainda mais importante a capacidade dos executivos de inovar de forma sustentável os seus modelos de negócios.
Quais costumam ser os erros mais comuns de quem busca uma especialização na hora de escolher um curso?
O primeiro ponto é saber que papel o curso terá na sua carreira. Logo, se você almeja uma carreira internacional, procure uma escola que tenha reputação internacional. Algumas pessoas acham que basta ter um certificado e sua vida profissional vai mudar. O certificado, na verdade, é o que menos importa. O ponto mais importante é o quanto se passa a saber depois do curso. Assim, logo de cara, cursos que têm fama de fáceis, dos quais o processo seletivo é muito fácil, geralmente frustram mais seus ex-alunos. O segundo passo é olhar com carinho a reputação da escola.
Qual a melhor maneira, então, para o aluno se garantir de que determinado curso realmente vale a pena?
O progresso profissional dos ex-alunos. Das pessoas que você conhece, veja aquelas que fizeram o curso, como foi a carreira delas depois disso. Procure ver também pessoas que você admira profissionalmente, qual formação elas têm.
Que mudanças vocês fizeram no Coppead para manter a escola em sintonia com as demandas contemporâneas?
O fato de os nossos docentes participarem de projetos de pesquisa no Brasil e no mundo garante que os cursos da escola estejam sempre atualizados em termos de conteúdo. Em relação ao formato, estamos lançando um novo tipo de curso, focado em quem já fez um MBA ou mestrado e deseja continuar se aperfeiçoando em temas específicos. Estes novos cursos permitem que os executivos consigam se aprofundar bastante sem a necessidade de se submeter a um curso de longa duração.
Como vocês identificaram essa demanda? Quais devem ser os impactos dessa atividade na carreira dos alunos?
A carreira do executivo de hoje é muito menos estável e exige dele uma amplitude de conhecimentos muito grande. Assim, a possibilidade de um curso voltado para aquela necessidade específica sem obrigá-lo a rever conteúdos que já conhece, além de gerar um ótimo network, lhe permite se preparar para qualquer mudança de curso que sua carreira possa sofrer.