BRASÍLIA – Em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, senadores aliados da presidente afastada, Dilma Rousseff, e o advogado dela, José Eduardo Cardozo, pediram que seja dobrado o número de testemunhas estabelecido. Pelo acordo que Lewandowski vinha costurando, acusação e defesa teriam direito a levar, no máximo, cinco testemunhas de cada lado ao plenário do Senado, como prevê o Código de Processo Penal.
Antes de ir à reunião, Cardozo estava disposto a pedir a Lewandowski que aceitasse cinco testemunhas para cada um dos quatro fatos em análise. No encontro, porém, foi apresentada uma proposta intermediária, de cinco testemunhas para os dois fatos mais importantes: as ?pedaladas? e os créditos suplementares.
Segundo relato de um participante da reunião, o presidente do STF ficou de analisar, mas se mostrou bastante reservado. Disse que não gostaria de antecipar nada antes da votação da pronúncia, marcada para o dia 9.
Lewandowski sinalizou aos dilmistas que ficou contrariado com o fato de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter entrado numa seara que considera não ser dele, a da definição da data de início do julgamento final. No entanto, disse também que, se todos os prazos tiverem sido cumpridos até o dia 25, uma quinta-feira, dará início ao julgamento nessa data. Porém, demonstrou resistência em começar o julgamento na sexta-feira, dia 26.
Na saída de uma reunião, Cardozo afirmou que ?há uma razão misteriosa? para finalizar rapidamente o processo de cassação de sua cliente. E levantou a possibilidade de adversários de Dilma quererem apressar a votação no Senado por temerem novos desdobramentos da Operação Lava-Jato:
? Eu não sei o que está por trás disso. Há quem diga que existe temor de que possam surgir fatos novos que trariam desequilíbrio no processo de impeachment. Será que uma eventual delação de alguém pode trazer problemas?
Cardozo estava acompanhado de senadores petistas aliados de Dilma, como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ). Ao contrário do discurso comedido do advogado de Dilma, Lindbergh enfatizou a razão pela qual a comitiva de parlamentares se encontrou com o Lewandowski.
– A gente reclamou da interferência indevida, na nossa avaliação, do presidente interino Michel Temer. Quem marca a data do julgamento é o presidente do Supremo, não é o presidente do Senado, Renan Calheiros – disse Lindbergh.
Ele mencionou almoço, nesta terça-feira, entre os senadores Renan, Romero Jucá e Eunício Oliveira, aliados de Temer, cujo tema seria definir regras para apressar o impeachment.
– São 48 horas de pressão indevida do presidente interino.