Cotidiano

Crítica: Na I Parada do Orgulho Negro Gay, Rico Dalasam sai bem na foto

f66ae0a7b5b6361d21ded30bc3de30af.jpg Links Rico DalasamRIO ? Na foto escolhida para estampar a capa de seu primeiro disco, Rico Dalasam posa como se estivesse em um editorial de moda da ?Vogue?, com o título ?Orgunga? escrito na mesma tipografia da revista. Para o múltiplo rapper paulista, que já deu expediente como cabeleireiro, as rimas e as batidas importam tanto quanto o penteado, o figurino e o carão.

Na música pop, a compreensão integral da produção artística é uma grande vantagem. Ao aprofundar alguns elementos apresentados no EP ?Modo diverso?, lançado no ano passado, ?Orgunga? (neologismo que aglutina ?orgulho negro gay?) é mais um capítulo da busca de Rico por essa percepção completa.

O disco é dividido em duas partes. A primeira é sobre afirmação. No discurso de Rico, que lutou para se sobressair em um ambiente eminentemente homofóbico, não há tempo para ser vítima. O negócio é rugir. Com saborosas referências à cultura pop e sagazes rimas internas, ?MiliMili? e ?Dalasam? se destacam na primeira metade. ?Riquíssima?, a única remanescente do EP, surge retrabalhada por Mahal Pita, do BaianaSystem. O discurso forte vem embalado por uma produção que evidencia o potencial dançante das faixas. Afinal, o fervo também é luta.

A segunda parte é sobre romance. Tirando um escorregão em ?Drama?, que é arrastada e repete o verso ?matei a vadia que vivia em mim? mais vezes do que o necessário, as faixas finais mantêm o nível das primeiras. Destaque para ?Relógios?, que tem pinta de sucesso de rádio, e para a balada melancólica ?Honestamente?. Na I Parada do Orgulho Negro Gay, Rico Dalasam sai bem na foto.

Cotação: bom.

Rico Dalasam – Orgunga (Full Álbum) 2016