CANAÃ DOS CARAJÁS, PARÁ – O S11D é um marco na história da Vale não apenas pela capacidade de produção do projeto ? 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, quando chegar a sua plena capacidade ? e pelo investimento de US$ 14,3 bilhões, mas também pelas inovações na produção. A principal delas é a introdução de escavadeiras e britadores móveis interligados por correias transportadoras que vão levar o minério da mina à usina de beneficiamento, dispensando o uso de caminhões.
São 68 quilômetros de correias. No sistema convencional, seriam necessários cem caminhões fora de estrada ? como são chamados os grandes caminhões que operam as minas ? de 240 toneladas de capacidade. Por isso, o novo sistema é chamado de truckless. Sem os caminhões, a Vale reduzirá em cerca de 70% o consumo de diesel, o que vai cortar as emissões de CO2 em 50%.
? O uso de correias em vez de caminhões é uma das principais razões para o custo tão baixo do projeto ? explica Josimar Pires, diretor de Operação de Ferrosos Serra Sul.
A redução no chamado custo caixa (da mina ao porto) será de 41% em relação ao custo médio da Vale hoje. A expectativa da Vale é que, em 2020, o S11D esteja produzindo 75 milhões de toneladas, baseando-se nas estimativas de mercado. A empresa garante, porém, que pode chegar aos 90 milhões de toneladas de capacidade, se houver demanda para isso.
A usina do S11D usará também uma rota de processamento desenvolvida pela Vale, que é o beneficiamento à umidade natural ou a seco. Isso permitirá a economia de 93% no consumo de água, equivalente ao abastecimento de uma cidade de 400 mil habitantes.
O sistema já vem sendo usado em algumas usinas de Carajás (PA). Outra vantagem do processamento a seco é a eliminação de barragens de rejeitos, como a que se rompeu em Mariana (MG) no acidente da Samarco em novembro de 2015.
O empreendimento recebeu este nome a partir da sua localização: trata-se do bloco D do corpo S11, que fica na Serra Sul da grande região de Carajás, no Pará. Na Serra Norte, está a mina de Carajás, em operação desde 1985, situada em Parauapebas, município vizinho a Canaã, sede do projeto S11D. A vida útil da mina está estimada em 30 anos.
Os investimentos de US$ 14,3 bilhões abrangem US$ 6,4 bilhões aplicados na mina e na usina de beneficiamento e US$ 7,9 bilhões em logística. Além da construção de um ramal ferroviário de 101 quilômetros, a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga Pará ao Maranhão, teve de ser expandida, assim como o terminal marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), de onde o minério será exportado.
(*A repórter viajou a convite da Vale)