BRASÍLIA – Com uma pauta especial pelo Dia Internacional da Mulher, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) aprovou nesta quarta-feira um projeto que cria uma “cota” para mulheres nos conselhos de administração de empresas estatais e de economia mista. O projeto permite um crescimento gradativo do percentual, que chegará a 30% em 2022. Em 2018, a cota será de 10%; em 2020, pula para 20% . Como foi aprovado em caráter terminativo pela CCJ, o projeto segue direto para a Câmara.
A proposta teve como relatora a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que apresentou um substitutivo. A proposta original, da ex-senadora Maria do Carmo, falava em 40% das vagas. Mas houve uma negociação para que o projeto pudesse ser aprovado.
O texto estabelece que “nos conselhos de administração das empresas públicas e das sociedades de economia mista, pelo menos trinta por cento dos membros serão mulheres”. Mas, em seguida, permite às empresas o preenchimento gradual dos cargos, desde respeitados os limites mínimos para 2018, 2020 e 2022.
Segundo Vanessa Grazziotin, estimativas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, apenas 7% dos membros dos conselhos de administração das empresas brasileiras são mulheres. Na América Latina, apenas 6,4% dos membros de conselhos de administração das 100 maiores empresas da América Latina são mulheres.
? Saliente-se que outros países já adotam regras na mesma direção, mencionando-se os exemplos da Noruega, Israel, África do Sul, Irlanda, Finlândia, Islândia, Suíça e Dinamarca, entre tantos outros que já adotaram as mesmas medidas. É necessário apenas um aperfeiçoamento para estabelecer de modo expresso a consequência jurídica do descumprimento das regras previstas no projeto. Propõe-se emenda para estabelecer a nulidade dos atos de provimento de empregos públicos, caso eles ocorram em desrespeito aos percentuais fixados na futura lei ? disse Vanessa, durante a votação na CCJ.
A CCJ aprovou ao todo quatro projetos. O outro projeto da senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que obriga o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública a coletar dados específicos contra a mulher.
Outro projeto, da senadora Gleisi Hofmann (PT-PR), institui a o programa “Patrulha Maria da Penha”, para a realização de visitas periódicas às residências das mulheres em situação de violência doméstica e familiar para verificar o cumprimento das medidas protetivas decretadas contra o agressor e reprimir eventuais novos atos de violência. Na verdade, o programa ocorrerá ser houver termo de cooperação neste sentido entre os entes federativos e as forças de segurança.