WASHINGTON ? Em sua primeira coletiva de imprensa formal, o novo secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, delineou o futuro das políticas do governo de Donald Trump. Spicer, que criticou repórteres por supostos erros na cobertura da presença de apoiadores na posse de Trump, teve bom humor com os jornalistas na Casa Branca, mas ignorou membros de agências, grandes redes de TV e jornais tradicionais. spicer
Spicer brincou e disse que estaria à disposição dos repórteres por quanto tempo quisessem. No entanto, ignorou pedidos de perguntas de veículos que Trump vinha atacando por sua cobertura considerada desonesta. Foram privilegiados meios de comunicação de menor escala, e durou cerca de uma hora até uma grande rede de TV, a CNN, receber o direito a responder.
? É um pouco desmoralizante ligar a TV dia após dia e ouvir “Não vai ser possível, este cara não vai conseguir” ? reclamou Spicer ao jornalista Jim Acosta, da CNN, com quem Trump teve um bate-boca em uma coletiva. ? A narrativa atual é sempre negativa e desmoralizante.
Spicer afirmou que imigrantes com antecedentes criminais serão prioridade nas deportações, e voltou atrás na decisão favorável à controversa proposta de levar a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Também segundo ele, os EUA estão abertos à ideia de realizar operações militares conjuntas com a Rússia contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.
? Se há um meio para combater o Estado Islâmico com qualquer país, seja a Rússia ou seja outro, e compartilhamos um interesse nacional sobre a questão, então claro que somos a favor ? afirmou Spicer em sua primeira coletiva, evitando afirmar se manteria cooperação em algum grau com o governo de Bashar al-Assad, tido atualmente como inimigo dos EUA.
? Nenhuma decisão foi tomada até o momento ? disse Spicer ao ser questionado sobre a proposta de embaixada em Jerusalém.
Em sua campanha, Trump repetiu diversas vezes que pretendia realocar a embaixada dos EUA para Jerusalém. No entanto, foi repetidamente alertado de que a mudança violaria a legislação internacional e poderia destruir o processo de paz na região. O aval americano ao reconhecimento de Jerusalém como capital unicamente de Israel tiraria o eventual direito de que os palestinos tivessem o mesmo status para com a cidade. Cerca de 430 mil colonos israelenses vivem atualmente na Cisjordânia ocupada e mais de 200 mil em Jerusalém Oriental, que os palestinos desejam que seja a capital do Estado ao qual aspiram.
BALANÇO DE SAÍDA DOS NEGÓCIOS
O novo porta-voz destacou ainda que as prioridades de Trump para a relação com o Congresso serão a gestão da imigração (endurecendo controles), reforma do sistema tributário e reformas em regulações nas agências federais.
Questionado sobre potenciais conflitos de interesse de Trump, Spicer afirmou que em breve a equipe destacará a saída total dos negócios do novo presidente. Ele garantiu que o chefe de Estado renunciou ao cargo na Trump Organization.
? Ele fez um grande sacrifício ? resumiu Spicer.