Cotidiano

Cabral admite em depoimento uso de helicópteros do estado para fins particulares

RIO – O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) afirmou nesta terça-feira, em depoimento feito por videoconferência, que fez uso particular dos helicópteros do governo do estado para suas idas à Mangaratiba, onde tem uma casa. Cabral é réu numa ação popular que apura se houve excessos na utilização das aeronaves durante o seu mandato no Palácio Guanabara.

A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo será ouvida como informante, também por videoconferência. As demais testemunhas estão sendo ouvidas pessoalmente.

– Durante o fim de semana, pode ser que sim (tenha usado o helicóptero para fins particulares), alguma situação em que me desloquei… – afirmou o ex-governador, sendo indagado novamente pela juíza Luciana Losada Albuquerque Lopes, da 8º Vara de Fazenda Pública, se eram deslocamentos para fins particulares:

– É – confirmou Cabral, que acompanha os demais depoimentos.

O ex-governador alegou que havia uma recomendação da Subsecretaria do Gabinete Militar, por conta de segurança, para os deslocamentos serem feitos de helicóptero:

– Toda hora havia denúncias de ameaças a mim e à minha família.

Cabral foi questionado se convidados da família viajaram nas aeronaves do governo para Mangaratiba.

– Pode ter havido de modo excepcional – disse.

Em seu depoimentos, o peemedebista alegou que outros ex-governadores também usavam aeronaves do governo do estado para irem a suas casas de veraneio. Citou especificamente Leonel Brizola e Marcelo Alencar.

O autor da ação civil pública é o procurador aposentado Cosmo Ferreira, que acompanha a audiência. A ação é de 2013 e o autor pede o ressarcimento ao erário dos recursos gastos por Cabral com voos irregulares.

No dia da prisão do ex-governador, em 17 de novembro do ano passado, O GLOBO mostrou num levantamento sobre as viagens feitas pelo ex-governador na companhia da mulher Adriana Ancelmo, filhos e empregada doméstica, além de assessores e convidados, um total de 51 viagens de helicóptero entre o Rio e Mangaratiba.

Seis dias depois, o juiz Leonardo Grandmasson, da 8ª Vara de Fazenda Pública do Rio, reabriu o processo contra o ex-governador, que pede o ressarcimento aos cofres públicos pelo uso, nas suas duas gestões, de helicópteros oficiais para viagens que seriam de caráter pessoal.

A magistrada deferiu também os depoimentos de pilotos e co-pilotos que serviam ao governo do estado durante os dois mandatos de Cabral. Dois coronéis da Polícia Militar serão ouvidos na ação.

O ex-governador está preso em Bangu 8 desde novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute. Já Adriana Ancelmo foi presa em dezembro. Ela está na ala feminina de Bangu 8.