LONDRES – O Banco da Inglaterra está prestes a começar a comprar títulos da dívida da Apple, em uma medida que vai reduzir os custos de empréstimos para a empresa, que está envolvida em escândalo fiscal na Irlanda ? após a União Europeia decidir que a empresa devia pagar ? 13 bilhões ao país em impostos.
Em seu mais recente esforço para estimular a economia, o banco apresentou uma lista de 100 empresas, entre as quais está a Apple, das quais vai comprar este tipo de papel. Para financiar o programa, serão emitidos 10 bilhões de libras. Segundo a agência de notícias Bloomberg, as compras serão iniciadas no dia 27 deste mês.
O objetivo do banco central britânico com a redução do custo dos empréstimos às empresas é encorajá-las a pegar mais crédito. A esperança é que isso vá estimular o investimento e a economia em geral, que tem sentido os efeitos da incerteza que cerca o resultado do referendo que definiu que o Reino Unido sairia da UE.
Contudo, especialistas ressaltaram que o banco não pode rastrear para onde vai o dinheiro, ou seja, não há garantia de que as empresas realmente vão investir o dinheiro extra.
ESTRANGEIRAS PELA 1ª VEZ
Pela primeira vez, o Banco da Inglaterra está focando seu pacote de estímulos estrangeiros, incluindo McDonald?s, a empresa francesa de eletricidade EDF, e a fabricante de automóveis e caminhões Daimler, dona da Mercedes-Benz. Mas isso não quer dizer que empresas britânicas ficam de fora ? tanto que Vodafone e a petroleira BP estão na lista.
O BC britânico disse que incluiu companhias que têm ?uma contribuição material para a atividade econômica no Reino Unido?, o que inclui aquelas ?com significativo emprego no Reino Unido ou com sedes no Reino Unido?.
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Kristin Forbes, membro do painel do Banco da Inglaterra que define as taxas de juros, se opôs às compras e, na semana passada, disse aos parlamentares que há o risco de o banco acabar comprando os títulos de empresas sobre as quais há ?notícias ruins?.
ECONOMISTAS QUESTIONAM
Esta não é a primeira vez que o BC britânico emite moeda para comprar títulos da dívida de empresas; o que ele já fizera em 2009, no auge da crise financeira.
Alguns economistas questionam se o estímulo monetário anterior beneficiaram toda a economia ou se simplesmente serviu para inflar, artificialmente, preços de ativos.
A medida atual foi anunciada pelo banco como parte de um pacote que inclui a redução, em agosto último, das taxas de juros para a mínima histórica de 0,25%.
Antes mesmo de o programa começar, o presidente do BC britânico, Mark Carney, já classificou a medida como um sucesso.
