Cotidiano

Alunos têm acesso a livro que enfurece pais

O livro traz ilustrações e apresenta o tema por meio de perguntas e resposta

Toledo – Qual é a idade certa para falar sobre certos assuntos com as crianças? Como a abordagem deve ser feita e que cuidados se deve ter para que a compreensão do conteúdo seja correta, sem excessos e sem que a característica pedagógica do tema se perca? Esse é um dilema que há muitos anos desafia pais, professores e principalmente os teóricos que se dedicam a tratar de assuntos como a sexualidade. Mesmo em uma sociedade de tantas mudanças, há pais que afirmam que alguns limites não podem ser ultrapassados. É exatamente isso que acalora um debate recente em Toledo.

A queixa da Associação de Famílias de Toledo e Região, entidade criada em 2015, é com as informações de um pequeno livro de uma coleção conhecida por Sexo e Sexualidade (BrasilLeitura), encontrado em escolas da rede municipal. A revolta dos pais, e que faz com que toda a comunidade reflita sobre os argumentos apresentados, é quanto a certas informações apresentadas pelo material, considerado inadequado. O livro traz ilustrações e apresenta o tema por meio de perguntas e respostas. Algumas, além de absolutamente desnecessárias, são consideradas despropositadas, segundo os pais.

Uma das características da cartilha é que, supostamente, as perguntas incluídas no material foram formuladas por crianças. Depois das dúvidas apresentadas há as iniciais de nomes e as idades. Então, os questionamentos são respondidos de um jeito, segundo quem produziu o material, simples para que crianças possam entender claramente do que se está falando. Entre as dúvidas estão: Por que o pênis do homem fica duro na hora da relação sexual? Eu já ouvi falar que uma menina só é virgem se ela tem o hímem. Mas eu não sei o que é isso nem onde fica? E ainda: Por que quando os meninos são chamados de “bichas” ficam tão irritados? Também há questionamentos sobre estupro, a primeira vez e sobre doenças sexualmente transmissíveis.

O secretário da Associação das Famílias de Toledo e Região, Edésio Reichert, afirma que o livro foi levado para casa por uma criança de três anos que pediu para que um dos adultos o lesse para ela. Assim que percebeu do que se tratava, a pessoa não fez a leitura e decidiu procurar satisfações. Edésio lembra que o próprio MEC já produziu e distribuiu diversas cartilhas com conteúdos excessivos e inadequados sem adotar, para tanto, os cuidados que esse tema sempre mereceu.

“Os professores, as direções e os políticos devem estar atentos, porque esse assunto é importante é precisa ser tratado com zelo”. O secretário lembra também que há assuntos, a exemplo da diversidade de gênero inclusive com textos publicados no site da prefeitura, que foi retirado do Plano Municipal de Educação. “A sociedade precisa, de forma madura, estar atenta ao desvirtuamento de valores tão duramente construídos”, alerta Edésio.

Conteúdo impróprio a crianças de três anos

A Associação de Famílias de Toledo e Região, que denuncia a abordagem do livro Sexo e Sexualidade, enviou nota à imprensa sobre o assunto:

“A Associação de Famílias de Toledo e Região, tendo por objetivos, a) Defender a vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento de sua concepção até a morte natural; b) Defender o reconhecimento e a promoção da estrutura natural da família como união entre um homem e uma mulher e c) Defender o direito dos pais de educar os próprios filhos, mais uma vez vem manifestar-se  a respeito de um fato, infelizmente ruim, que diz respeito a uma responsabilidade dos pais: educação moral dos filhos.

Trata-se de um livrinho absolutamente impróprio para uma criança, sobretudo de três anos, retirado de uma biblioteca de uma escola municipal. E por razões óbvias, vamos omitir o nome da escola. O que houve? Em uma atitude de rotina e, diga-se de passagem, necessária para a aquisição do hábito da leitura, a criança vai à biblioteca e retira um livrinho para levar para casa.

Naturalmente, como ainda não sabe ler, pede para a avó ler o livrinho que trouxe. Essa, ao se deparar com as primeiras frases, fica espantada e diz para a mãe da criança que não vai ler aquilo para a neta. Como a criança não entende, insiste com a mãe que é para ela ler o livrinho. Deu um jeito lendo qualquer coisa, menos o que estava escrito nele. E o que constava nesse livrinho? Como podem conferir na cópia anexo, da Coleção Sexo e Sexualidade, entre outras perguntas: Por que o pênis do homem fica “duro” na hora da relação sexual? Quando eu descobri que é no buraquinho da vagina que o pênis fica no momento da relação sexual, eu fiquei pensando se a mulher sente dor na primeira vez que vai “transar”?

Claro está que um livrinho desses não deveria estar acessível às crianças. Não é preciso aqui falar sobre os males de se permitir a sexualização precoce. Em razão disso, reiteramos aos profissionais do ensino para que redobrem cuidados quanto aos materiais, de modo que situações como essa não ocorrem. Da mesma forma, conclamamos aos pais para que conversem com os professores e acompanhem o mais perto possível, todas as atividades escolares desenvolvidas pelos filhos.

Se os filhos são o que os pais mais amam, todo o esforço deve ser dispensado na sua formação moral. Dessa forma poderemos esperar pessoas moralmente e profissionalmente melhores”.