SÃO PAULO e BRASÍLIA – As ações da Hypermarcas registraram a maior baixa em quatro anos nesta terça-feira depois que a maior fabricante de medicamentos genéricos do país confirmou que um ex-executivo autorizou pagamentos de milhões de reais para prestação de serviços que não tiveram comprovação de execução.
Os papéis da empresa abriram o pregão a R$ 26,13 e encerraram a sessão com queda de 14,26%, cotadas a R$ 22,25. Na semana, as ações acumulam queda de 21,43% e, em 2016, alta de 3,33%.
A empresa enviou comunicado ao mercado mais cedo diante de notícia do jornal ?O Estado de São Paulo? que relata que o ex-diretor de relações institucionais Nelson Mello, que trabalhou para a Hypermarcas entre 2012 e março deste ano, afirmou em delação premiada que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar repasses para senadores do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso, Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).
No comunicado desta terça-feira, a Hypermarcas afirma que “não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados pelo ex-executivo” e que não é alvo de nenhum procedimento investigativo. A empresa informou ainda que acertou acordo com Mello por meio do qual “assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos”.
“A notícia é perturbadora. Como é possível que R$ 30 milhões foram gastos sem comprovação dos serviços? Quais eram as motivações de Mello?”, escreveram analistas do Credit Suisse liderados por Tobias Stingelin, em nota a clientes.
Mello, que deixou a Hypermarcas em março, não pode ser contatado para comentar o assunto. Uma porta-voz de Jucá negou a notícia e representantes de Calheiros não responderam a pedidos de comentários. A empresa não deu detalhes sobre os pagamentos identificados pela auditoria interna.
Segundo o jornal, as informações repassadas por Mello na delação premiada “referem-se à atuação de parlamentares na defesa de interesses da empresa no Congresso” e não fazem parte de inquérito da Operação Lava Jato.