BRASÍLIA – Após cerca de oito horas e meia, o ministro Herman Benjamin, relator das ações que poderão levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), terminou de ouvir seis executivos e ex-executivos da Odebrecht que prestaram depoimento como testemunhas nesta sexta-feira. Uma sétima pessoa que também falaria hoje foi dispensada. Para evitar vazamentos, a audiência com Marcelo Odebrecht não foi gravada.
Como Dilma sofreu o impeachment no ano passado, o julgamento no TSE poderá levar à saída de Temer do poder. Ironicamente, o PSDB, principal aliado do presidente hoje, foi quem apresentou quatro ações questionando a legitimidade da chapa. Os depoimentos, assim como os anteriores, estão sob sigilo. Isso porque os executivos estão relatando fatos que já contaram na delação premiada da Odebrecht, que segue em segredo de justiça.
O primeiro a depor foi Fernando Migliaccio, apontado, nas investigações da Lava-Jato, como responsável por offshores e contas que foram usadas pela Odebrecht para pagar propina no exterior. Ele teria feito repasses aos publicitário João Santana e para a mulher dele, Mônica Moura. Santana foi o marqueteiro da campanha da chapa vencedora da eleição de 2014, que teve Dilma Rousseff como candidata a presidente e Michel Temer como vice. O depoimento dele começou às 15 horas e durou cerca de duas horas, tendo ocorrido no próprio TSE.
Depois houve duas acareações envolvendo cinco pessoas que já prestaram depoimentos de forma separada. O objetivo era que eles pudessem esclarecer pontos divergentes sobre a atuação de Temer na arrecadação de recursos para a campanha de 2014.
A primeira acareação foi entre Marcelo Odebrecht, que estava no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, Hilberto Mascarenhas, no TRE de São Paulo, e Benedicto Júnior, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), com sede no Rio de Janeiro. Eles falaram com Herman Benjamin por videoconferência. Migliaccio, que permaneceu no TSE após seu depoimento, também foi chamado para participar. A segunda acareação foi entre Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho, que estava no próprio TSE.
Após o fim das acareações, prestou depoimento Maria Lúcia Tavares, que trabalhava no Setor de Operações Estruturadas, o chamado “departamento da propina” da empreiteira. O último a falar seria José de Carvalho Filho, que já trabalhou na área de relações institucionais da Odebrecht e teria participado das negociações de repasses de recursos a diversos políticos. Mas ele foi dispensado. Assim, os depoimentos, que começaram por volta das 15h, terminaram pouco antes das 21h30.
Ao todo, nove pessoas ligadas à Odebrecht já prestaram depoimento na ação.