BRASÍLIA – A diplomacia brasileira tem se articulado para passar à União Europeia o recado de que a Operação Carne Fraca afeta apenas frigoríficos pontuais e não é um problema sistêmico. A autoridade sanitária do bloco econômico europeu enviou uma carta ao Brasil solicitando informações, que será respondida formalmente ainda neste domingo. A intenção do governo brasileiro é repassar tudo o que for apurado para sustentar essa tese e provar que a carne brasileira é segura.
O Brasil, junto ao Mercosul, está em processo de negociação para um acordo de livre comércio com a União Europeia. As tratativas sobre a venda de produtos agropecuários, como carne, grãos e açúcar, só devem ocorrer no segundo semestre. Até lá, o governo brasileiro espera ter apaziguado o problema.
? Não deveria haver um impacto grande. É uma questão pontual, que afeta apenas 21 unidades. Não é um problema sistêmico ? explicou um integrante do Itamaraty.
O governo está ciente de que, se não prestar as informações, o bloco econômico pode encerrar as relações desse tipo com o país. Em entrevista ao GLOBO ontem, o embaixador da União Europeia (UE) em Brasília, João Gomes Cravinho, disse que, se as explicações fornecidas neste fim de semana pelo Ministério da Agricultura sobre o funcionamento do sistema sanitário brasileiro não forem suficientes, o bloco poderá suspender as importações desses produtos.
A expectativa é que, com as explicações, a União Europeia não tome medidas extremas. Em relação ao posicionamento de algumas associações de produtores europeus, que sugerem que se feche as portas ao Brasil e ao Mercosul, o Itamaraty avalia que estas são apenas declarações ?oportunistas?.
? Esperamos que a União Europeia tome medidas proporcionais. Se for comprovado que o problema é só em processados, por exemplo, não há porque suspender a importação de carne in natura.
A operação Carne Fraca investiga relação criminosa entre fiscais agropecuários e donos de frigoríficos na liberação de produtos irregulares para consumo.