Cotidiano

?A ordem é sobreviver, custe o que custar?, por Alan Gripp

RIO ? Na semana que passou, um auxiliar de primeira linha de Michel Temer ainda explicava a escolha para líder do governo do inexpressivo André Moura, do inexpressivo PSC, por exigência do explosivo Eduardo Cunha.

? Qual é a manchete pior? ?Governo cede a pressão por novo líder? ou ?Governo já sofre derrota no Congresso?? ? questionou, deixando claro que a primeira opção representava menor desgaste.

Foi assim o primeiro mês de Temer: pragmatismo até o último fio de cabelo. Críticas à extinção do Ministério da Cultura? Recrie-se o gabinete. Ministro apanhado tentando barrar investigações? Demita-se o suspeito.

A ordem é sobreviver até o dia D, garantir os votos que confirmem o impeachment e, só depois, pensar em vida nova. Para isso, vale tudo: recuar ao menor sinal de mal-estar, engolir sapos, não se meter na vida de quem possa criar problema.

São duas as tarefas rumo ao pote de ouro. 1) Convencer essa entidade chamada ?mercado? de que o Congresso responderá quando chamado (não por acaso, o ?Ministério de notáveis? virou o ?Ministério dos investigados? em dois palitos). 2) Resistir à nova temporada de delações (daí o pé no acelerador na comissão do impeachment).

O andar de cima de Temer está otimista. Uma avaliação mais realista, porém, recomenda não fazer previsões, atividade em descrédito no país da Lava-Jato.

*Editor de País