A pesquisa de maio divulgada pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Governo Federal, confirmou uma tendência nacional. Os empregos formais na indústria estão em queda. Desde o mês passado, a oferta de vagas no Paraná vem em desaceleração e, agora, registrou redução de 68% frente a abril e de 77% em relação a maio do ano passado. No acumulado desde janeiro, as oportunidades de trabalho no setor caíram 30%, se avaliado contra o mesmo período de 2022. Nos últimos 12 meses, a redução chega a 65% contra o mesmo intervalo do ano anterior.
Um dos gargalos é a competição entre setores por profissionais com maior qualificação. Desde a retomada da atividade econômica pós-pandemia, a indústria vem competindo com outros segmentos por trabalhadores com maior grau de instrução. “Há uma escassez de profissionais com maior qualificação no mercado, ou seja, a indústria pode até ter espaço para novas contratações, mas não encontra pessoas habilitadas, com melhor preparação, disponíveis para preencher as vagas” analisa a analista da Assessoria Econômica e de Crédito da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná), Mari Santos.
Em maio, esse comportamento ficou evidente. Dos 864 contratados pela indústria, 644, ou 75% do total, tinham menor grau de instrução. Desde analfabetos, passando por fundamental e Ensino Médio incompletos. Foram desligados 188 profissionais com maior graduação. “Com a necessidade de repor as posições, as empresas tiveram que apostar em pessoas com menor grau de instrução para dar conta de demanda”, destaca Mari.
A grande maioria dos postos de trabalho foi preenchida por jovens entre 18 e 24 anos. Já 409 vagas, ocupadas por profissionais acima de 50 anos, foram fechadas, assim como 532 exercidas por pessoas entre 25 e 49 anos. A diferença entre homens e mulheres diminuiu. Foram contratadas 488 pessoas do sexo masculino e 376 do feminino, em maio.
Comportamento anual
No acumulado do ano, o Paraná, contando todos os segmentos (agricultura, indústria, comércio e serviços), também registra retração nos empregos formais. De 21% e 35% no ano e nos últimos 12 meses, respectivamente. A indústria continua criando vagas. O saldo até maio, de 2023, é de 10.948 contratações, sendo 6.097 homens e 4.851 mulheres. O nível de preparo preferencial ainda prevalece entre jovens entre 18 e 24 anos, 9.027 pessoas, ou 82%, com Ensino Médio Completo (6.562). Mas também houve maior oportunidades para 2.281 trabalhadores, 21% do total, com Ensino Médio incompleto, além de 1.859 trabalhadores, 17% do total, com grau de escolaridade incompleta no Fundamental. Mais de 1.200 vagas ocupadas por profissionais acima de 50 anos foram fechadas até maio na indústria paranaense, assim como outras 361 para trabalhadores acima de 65 anos.
Setor de alimentos em alta
Desde o início de 2023, das 10.663 vagas ofertadas pela Indústria de Transformação, 4.670 foram demandas do segmento alimentício do estado. Na sequência aparecem vestuário (1.204), produtos químicos (931), borracha e material plástico (860) e automotivo (737). As atividades que mais dispensaram trabalhadores foram máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-731), metalurgia (-206), fabricação de produtos de informática (-112) e madeira (-46). Dos 24 segmentos analisados pelo Caged no estado, 18 estão positivos em saldo de contratações e seis estão abaixo do esperado.
Em maio, o setor de alimentos também liderou as admissões com 1.114 vagas novas ocupadas. Também ficaram positivos produtos químicos (320), couros, calçados e acessórios (166), minerais não-metálicos (155) e borracha e material plástico (119). Os 12 restantes mais demitiram do que contrataram, como vestuário (-216), manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (-196), fabricação de produtos de informática (-168), móveis (-151), entre outros (-410), somando 1.141 dispensas no total.
O panorama geral ainda é positivo. O estoque de trabalhadores atuando na indústria ultrapassou o nível mais alto do ano anterior (901 mil). “O saldo geral de empregos tem crescido mês a mês e as expectativas em relação à melhoria das condições macroeconômicas têm impactado positivamente na geração de emprego”, completa Mari Santos.