Agronegócio

Destaque na produção de carnes no Brasil, Paraná deve muito ao Oeste

Nos três primeiros trimestres de 2022, o estado produziu o equivalente a 4,87 milhões de toneladas de proteína animal, pela ordem, com destaque para o frango, suíno e bovino

Carne suína -
Carne suína -

Toledo – Os holofotes estiveram voltados para o Paraná recentemente pelo desempenho na produção de proteína animal no Brasil. Nos três primeiros trimestres de 2022, o estado produziu o equivalente a 4,87 milhões de toneladas de proteína animal, pela ordem, com destaque para o frango, suíno e bovino. A liderança absoluta é do segmento avícola, com quase 3,8 milhões de toneladas de carne processadas de janeiro a setembro, um avanço de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado. E o Oeste do Paraná responde por mais da metade desses números divulgados pela Estatística da Produção Pecuária do IBGE.

Depois da avicultura, outro setor que também se destaca é a suinocultura, com uma produção de 831,4 mil toneladas de carne produzidas entre janeiro e setembro. O total de abates nesse período foi de 8.710.301 animais. Em relação ao Brasil, foram produzidas 3,9 milhões de toneladas de carne suína, totalizando um abate de 42.219.325 cabeças. O maior volume foi registrado no terceiro trimestre, ao perfazer uma produção de 285,6 mil toneladas de carne e abate de 2.984.627 animais entre julho e setembro. Não parece muito, mas é um pequeno avanço em comparação com o segundo semestre do ano, que teve uma produção de 282,5 mil toneladas de carne e abate de 2.933.807 cabeças. No primeiro trimestre, o Paraná produziu 263,1 toneladas e alcançou 2.791.867 abates.

Na suinocultura, o Paraná só fica atrás de Santa Catarina, com produção de 1,1 milhão de toneladas de carne de porco. Entretanto, a expectativa é de aumento de desempenho do Paraná já a partir de janeiro do próximo ano. Muito desse avanço será creditado ao novo empreendimento inaugurado na terça-feira na região oeste. O frigorífico da Frimesa, em Assis Chateaubriand, tido como o maior da América Latina e com previsão de processar 3,7 mil suínos diariamente nos dois primeiros anos de operação e chegar a 15 mil cabeças diárias, ao atingir pleno funcionamento.

Suinocultura

Em entrevista concedida ao Jornal O Paraná, o vice-presidente da APS (Associação Paranaense dos Suinocultores) e produtor de suínos há 17 anos, Élio Favero, comenta que a região oeste responde por metade da produção de suínos do Estado. “Toledo produz 20% da produção estadual, ou seja, cerca de 1,5 milhão de cabeças de suínos por ano”, contabiliza. “A suinocultura é responsável por 40% do Valor Bruto da Produção de Toledo”.

Há mais de um ano e meio, o preço do quilo do suíno não cobre os custos de produção na propriedade. “Para se ter uma ideia, o custo de produção hoje gira em torno de R$ 7,50 o quilo e os preços atuais não passam de R$ 6,70, ou seja, o prejuízo ainda e certo. Foi um período crítico, com muitos produtores parando a atividade e muitos dos quais até ´quebrando´. Muitas empresas do Oeste tiveram que parar com as produções, reduzindo o ritmo e amargando prejuízos”.

Para Favero, essa crise na suinocultura provocou uma retração grande no comércio local e no oeste do Paraná como um todo. “Foram reduzidas na região mais de 8 mil matrizes. Isso significa 200 mil suínos a menos no comércio”.

Conforme o vice-presidente da APS disse ao O Paraná, a “quebradeira” só não é maior no oeste porque a grande maioria dos produtores está ligada a uma agroindústria ou cooperativa, trabalhando em sistema de parceria ou comodato, então, o maior custo, que é a alimentação, as empresas conseguem absorver. “Por isso que a atividade ainda se mantém forte no Oeste, mas quem não estava ligada a uma integradora e estava no mercado livre de compra e venda, não teve como se sustentar, porque na época recebia R$ 5 o quilo, com um custo de produção de R$ 7,50”.

Arroba em baixa

Apesar de uma participação menos expressiva em comparação com as outras proteínas, a bovinocultura de corte teve 245,1 mil toneladas de carne bovina processada entre janeiro e setembro, totalizando um abate de 961.185 cabeças no período. Nos três primeiros trimestres de 2022, foram 22.205.468 cabeças de gado abatidas e uma produção de 5,9 milhões de toneladas. Foram 75,7 mil toneladas e 296.713 animais abatidos entre janeiro e março no Paraná; 85,5 mil toneladas de abril a junho (331.806 cabeças) e 84,9 mil toneladas (332.666 cabeças) entre julho e setembro.

O presidente da Padrão Beef, Lindonez Rizzotto, destaca primeiramente a liderança do Paraná na avicultura. O Paraná é hoje o maior produtor de frango de corte do País. “Para se ter uma ideia, somente em um raio de 200 quilômetros a partir de Cascavel, são abatidas diariamente 6 milhões de aves. O Paraná também é destaque em criação de suínos, com bastante evidência”, salienta.

Quanto à bovinocultura, não temos um grande desfrute de bovinos. “Porém, estamos a cada dia com mais tecnologia implantada dentro da bovinocultura de corte e o Oeste se destaca como um forte criador de animais destinados À carne Premium”. Em contrapartida, o Paraná não se destaca na produção de commodity de bovinocultura de corte, mais conhecida como carne para exportação.

Para 2023, a preocupação é notória. “Neste mês de dezembro, estamos com um número limitado de bovinos para abate, devido às constantes secas e à produção de alimentos para bovino bastante difícil. Estamos com pouca alimentação para bovino, até por que os custos para alimentação subiram e infelizmente o preço da arroba está baixando”. Hoje, o preço da arroba no oeste está em R$ 280. O valor mais bem pago do País. Mesmo assim, o cenário não é dos mais promissores.

Foto: AEN