A produção agroecológica, sem o uso de agrotóxicos e utilizando de forma sustentável a água e o solo, tem potencial para crescer cerca de 30% ao ano no Brasil, mas ainda enfrenta desafios. Entre eles, a resistência dos próprios produtores à dispensa do uso de pesticidas e a necessidade de ampliar o escoamento e a disponibilidade ao consumidor.
Para tratar sobre esses e outros assuntos relacionados ao tema, cerca de 500 pessoas participam até amanhã do 3º Paraná Agroecológico, no Cineteatro dos Barrageiros, nas dependências da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu. A empresa apoia a iniciativa.
Aberto na noite de segunda-feira, o evento realizado pela primeira vez em Foz do Iguaçu discute a potencialidade da agroecologia como fonte de renda e os entraves a esse tipo produção, que pode ser uma alternativa viável de renda ao agricultor. O encontro reúne produtores, empresários, estudantes e técnicos do setor. O debate sobre a agroecologia está presente em dezenas de palestras, oficinas temáticas, mesas-redondas, apresentações de trabalhos e rodas de diálogo.
Segundo Ronaldo Juliano Pavlak, do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável da Itaipu, o objetivo do evento é justamente estreitar o vínculo entre produtor e consumidor, mostrando os benefícios da agroecologia (segurança alimentar, ambiental, econômica e qualidade de vida).
“Produtos cultivados com o uso de agrotóxico podem causar doenças, enquanto os agroecológicos e os orgânicos podem evitá-las e ajudam a combatê-las”, disse o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva, ao justificar o apoio da binacional à agroecologia na região oeste. “Itaipu investe na produção sustentável e tem uma equipe exclusiva para desenvolver e acompanhar programas nessa área. Não se trata de modismo”, completou o superintendente, que representou o diretor de Coordenação, Newton Kaminski.
Ariel Scheffer também reforçou o apoio da binacional ao escoamento da produção agroecológica. Segundo ele, é preciso “ganhar escala”. “A questão é um nó que precisa ser desatado”.
Para o diretor-superintendente de Assistência Técnica e Extensão Rural da Emater, Richard Golba, “existe um mercado faminto por alimentos saudáveis”. “A nossa dificuldade tem sido colocar o produto ao alcance do consumidor. Temos os produtos e os consumidores, mas falta a conexão”, completou.
“São produtos que deveriam estar presentes em todas as mesas brasileiras, mas que ainda enfrentam barreiras”, colaborou Marcos Vilas Boas Pescador, delegado federal da Sead (Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário).
Por sua vez, Florindo Dalberto da Adapar, disse que a agricultura preservacionista vem sendo debatida há bastante tempo, mas ainda há pouca motivação por parte dos produtores. “Temos mais de 350 mil estabelecimentos rurais no Paraná e apenas 2 mil não utilizam agrotóxicos. Temos muito a crescer.”
Na região oeste do Paraná, Itaipu tem atuado para ampliar a comercialização dos produtos agroecológicos, com o estímulo à venda em feiras, galpões, entre outros. Um exemplo é a construção do Mercado Municipal de Foz do Iguaçu, espaço que terá uma área destinada às vendas de produtos orgânicos e agroecológicos. Em setembro, a Itaipu assinou a ordem de serviço para a segunda fase das obras do mercado.
Integração pela agroecologia
O Paraná Agroecológico é um evento promovido por 23 instituições ligadas à agricultura e ao meio ambiente. Por ser tão ampla, a programação foi dividida em cinco eixos – pesquisa, organização dos agricultores e consumidores, formação e capacitação, comercialização e legislação. São cinco diferentes eventos: o 1º Seminário Estadual de Homeopatia; 1º Encontro de Agricultores Agroecológicos da Tríplice Fronteira; 3º Seminário Paranaense de Educação em Agroecologia; 3º Congresso Paranaense de Agroecologia; 5º Seminário “Paraná Mais Orgânico”.