Nos bastidores da Câmara de Cascavel, os levantamentos que renderam CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) tiveram origem comum nos últimos anos: o gabinete do vereador Celso Dal Molin (PR), que, devido a esse perfil, teve muitas críticas do ex-prefeito Edgar Bueno (PDT) e chegou a sugerir que o vereador fizesse melhor as contas antes de torná-las públicas.
O último embate se deu por suposta irregularidade na compra de uniformes escolares feita na gestão de Edgar.
Dal Molin promete voltar no mesmo ritmo e adianta que o foco nesta segunda metade do mandato será a discussão sobre a verdadeira data do aniversário de Cascavel e a abertura de uma CPI sobre o contrato com a Sanepar.
HojeNews – Qual projeto seu se destacou?
Celso Dal Molin – Além do projeto que vai cuidar das águas de Cascavel, fizemos muitas denúncias em vários setores. Em relação ao uniforme [dos estudantes], apuramos os valores pagos, a quantidade e as peças vendidas no Paraguai. Para se ter uma ideia, em 2018, com 4 mil alunos a mais, a prefeitura gastou menos [que na gestão passada]. Levamos o caso ao Ministério Público, assim como do transporte escolar: constatamos que as empresas estavam cobrando acima da quilometragem rodada.
HojeNews – Sobre o gasto com limpeza de fossas a repercussão foi grande…
Dal Molin – O gasto em limpeza de fossas é bem menor agora. Estou acompanhando o caso. Em 2017 foram pagos R$ 56 mil e em 2018 R$ 95 mil. Em uma secretaria, na gestão passada, foram pagos R$ 790 mil – aí está a prova. Podem dizer que houve ligação de esgoto nessas regiões, mas a grande questão é o motivo para não terem ligado antes a rede nas escolas, por exemplo. A Sanepar ligou 25 escolas e Cmeis [Centros Municipais de Educação Infantil] na rede de esgoto de graça, ou seja, era fácil resolver o problema.
HojeNews – Que investigações estão na mira?
Dal Molin – Teremos um trabalho de investigação grande. Vou provar com dossiê que Cascavel não fez 67 anos, mas 66. Tudo com documentos e argumentos. Temos novidades em relação a outras apurações com a Sanepar, na qual vou pedir uma CPI sobre os contratos entre 2004 e 2024 com a Prefeitura de Cascavel.
HojeNews – E os conflitos com o ex-prefeito Edgar Bueno?
Dal Molin – Não vejo a pessoa Edgar Bueno, mas o Executivo passado: quando se fala em Executivo municipal, há a inclusão de todos os secretários. Há situações que não estão relacionadas ao gabinete, mas com as secretarias. É claro que ele está envolvido, pois era o chefe da turma toda. Estamos vendo em um todo a gestão passada – havia muitas falhas e estamos revelando-as. Trazendo tudo com provas. Não apresento nada sem argumentos, tanto que o Ministério Público tem aberto investigação de todas as denúncias feitas. O Executivo tem que explicar seus atos e não será diferente com a gestão de [Leonaldo] Paranhos.
HojeNews – A oposição o criticou por defender o Executivo municipal em alguns projetos. Qual sua avaliação a respeito?
Dal Molin – Não me considero nem base nem oposição. Vou pelo que penso. Em determinados momentos concordo com o Executivo e voto com ele, mas, se preciso, voto contra. Tenho liberdade pra isso e não tenho vínculos que me impeçam de agir como penso.
HojeNews – E a religião dentro do Legislativo?
Dal Molin – Não mudo o que sou. Estou vereador e daqui dois anos poderei não estar mais. Sou pastor e religioso, como Paulo Porto é professor e Madril é policial. Não entramos na Câmara e mudamos o que somos. Quem votou em mim sabia que estava votando em um pastor. Agimos como pensamos. Desempenhamos um trabalho que agrada nossos eleitores.
HojeNews – Tem alguma comissão em vista?
Dal Molin – Estamos analisando as comissões e poderei assumir a de Direitos do Consumidor.