Scalco tinha razão ao prever desastre
Há exatamente um ano, no início de outubro de 2017, um dos mais lúcidos fundadores do PSDB nacional, o ex-ministro Euclides Scalco, deu uma entrevista à jornalista Maria Christina Fernandes, do jornal Valor Econômico, na qual previa que o partido estava caminhando, célere, para um velório definitivo e sem cachaça. E apontava os motivos, a começar pelo apoio a Michel Temer no Governo. Hoje, ao ver o ex-governador Beto Richa perder a vaga para o Senado e ficar em sexto lugar, com míseros 378 mil votos e não eleger nenhum deputado federal, conclui-se que as críticas de Scalco eram pertinentes e atuais. E, pior, a previsão se concretizou.
Ódio no coração
Pode ter sido um insight de momento ou mesmo uma revolta influenciada pelos ares quentes do norte do Paraná, mas é certo que o senador Alvaro Dias extrapolou o comportamento afável que o conduziu na carreira política: depois de votar em Londrina, ele disse que não vai votar no segundo turno, que chamou de “tragédia”, referindo-se à disputa entre o PT e o capitão do Exército.
Não precisa
Pela lei eleitoral, o senador que já passou do 70, poderia mesmo se eximir de colocar o voto na urna. Não é mais obrigatório pra ele. Mas por ter sido governador do Paraná e tantas vezes senador e até ter disputado a Presidência, Alvaro está cuspindo no prato em que comeu, desculpando a má referência. Foi o voto, afinal, que o fez chegar até aqui.
Vítima do Ibope
O senador Roberto Requião (MDB) explica por que foi derrotado em sua pretensão de se reeleger. Segundo Requião, esse resultado se deve a uma trama em que se envolveram o Ibope, as redes sociais que difundiram informações falsas a seu respeito, e também o PT, que, ao lançar um só candidato, indicou-o como o segundo informal em sua chapa, identificando-o como defensor do lulopetismo.
Liquidado
Em vídeo que gravou para o Facebook, Requião desenvolve seus argumentos para, ao final, desabafar: “Fui liquidado!”
Lamúrias de Beto
O ex-governador Beto Richa chamou a imprensa para coletiva no fim da manhã dessa segunda-feira (8) – o day after da derrota que sofreu na eleição para o Senado. Considerado franco favorito para conquistar a segunda cadeira (a primeira seria de Roberto Requião, mas também derrotado), Richa figurou na apuração final com apenas 3,75% dos votos.
Abandono, prisão…
Na coletiva, elogiou o próprio governo, o sucesso que teve em todas as outras eleições de que participou mas, nesta de 2018, foi vítima de traições de aliados, abandono de correligionários e, principalmente, das injustas e arbitrárias decisões judiciais que o levaram a ser preso três semanas antes da eleição.
Ibope precisa reaprender a fazer pesquisas
As eleições deste ano guardam lições importantes sobre o modo como se faz política. Castelos desmoronaram; forças desconhecidas foram subestimadas. E o resultado foi uma avalanche de novidades até há pouco tempo impensáveis. Tudo isso vai exigir tanto dos que militam na política quanto dos que analisam o cenário um modo de agir diferente, um olhar para o que parecia invisível. Mas têm de mudar também o jeito de fazer pesquisas eleitorais. O mais famoso e prestigiado instituto de pesquisas do País, o Ibope, acumulou uma série de erros que serão registrados na história. Tem alguma coisa errada nisso tudo. Ou o eleitor “engana” as pesquisas ou as pesquisas já se mostram incapazes de medir as verdadeiras tendências.