Cascavel – A rebelião registrada no início deste mês na CCC (Casa de Custódia de Curitiba) e que durou quatro dias trouxe reflexos para dentro das unidades prisionais da região oeste do Paraná e eles são considerados positivos por quem está do lado de fora.
Com riscos iminentes e ameaças diárias de motins em penitenciárias como a Estadual de Cascavel, por exemplo, o relato de quem convive com os presos é de que a situação hoje é de mais tranquilidade e de receio dos apenados.
Pela primeira vez no sistema prisional do Estado detentos que iniciaram ou se envolveram diretamente em rebelião foram responsabilizados em flagrante e estão respondendo criminalmente por isso. Ao menos 23 deles deixaram a carceragem da CCC logo após o fim da rebelião e foram direto para a Central de Flagrantes. “Notamos que a partir da responsabilização criminal dos envolvidos no motim os outros presos do sistema ficaram apreensivos e desde então não temos observado eles alertando que vão ‘virar a cadeia’ [gíria dos presos para indicar que vão começar um motim]”, revela um agente penitenciário que circula pelas penitenciárias do Estado.
Esses 23 detentos foram indiciados por crimes de tortura, cárcere privado, depredação do patrimônio público, além de responderem por crimes correlacionados à rebelião. “Essa foi uma forma de acirramento da resposta dada pelo Estado para esses grupos e isso tem surtido efeito dentro das outras cadeias”, completou o diretor regional do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Paraná, Tiago Correia.
Apesar disso, o alerta vem sendo mantido dentro das unidades prisionais. Na PEC, ele é constante. Somente nos últimos quatro anos foram duas rebeliões de grandes proporções. A primeira delas, em agosto de 2014, deixou cinco mortos e duas dezenas de feridos. O motim durou 45 horas com destruição de 80% da estrutura. O outro foi registrado em novembro do ano passado e deixou um morto e mais uma vez quase destruição total da unidade em dois dias de motim. “Quanto mais rápida a resposta, mais o preso se sente acuado para acirrar uma rebelião. De todo modo, o alerta precisa ser constante, temos nas nossas unidades presos de alta periculosidade, ligados a facções que não respeitam ou que lutam contra o sistema que os isola da sociedade e do mundo criminal. A forma de eles responderem é ameaçando quem trabalha no sistema ou se rebelando”, concluiu outro agente.
“Mas é importante destacar que toda e qualquer ação por parte do criminoso será tratada imediatamente com o rigor da lei”, completou o diretor regional do Sindarspen, Tiago Correia.