Curitiba – O Atlas da Violência divulgado nesta semana pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas) em parceria com a FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) revela dados preocupantes da violência letal no País e em todo o Paraná, contrariando algumas estatísticas estaduais que apresentam queda gradativa nos últimos anos.
O levantamento analisou números de todas as unidades da federação e do Distrito Federal, não foi estratificada por municípios, usando como base a análise e a construção dos indicadores oficiais das Secretarias de Segurança e de atendimentos no Sinam (Sistema Nacional de Atendimento Médico) com o objetivo de melhor compreender o processo de acentuada violência no País.
Os números correspondem até o ano de 2016, último analisado pelo levantamento.
De 2006 a 2016, segundo o Atlas, o Paraná perdeu 35.729 pessoas vítimas de mortes violentas. Um em cada dois desses mortos (total de 19.140) era jovem, com idade entre 15 e 29 anos.
Em 2016 foram mortas em todo o Paraná 3.080 pessoas, número 5% maior que no ano anterior, em 2015.
Desse total em 2016, 1.574 estavam na faixa etária acima citada.
Para cada grupo de 100 mil pessoas de 15 a 29 anos no Estado, a taxa de letalidade chegou a 57,6. Embora o indicador não figure entre os maiores do País, está longe de ser o menor. No ranking com 26 unidades federativas mais o DF, o Paraná ocupa o oitavo menor percentual na letalidade entre os jovens assassinados.
Do total de mortos nesses 11 anos, 71% foram assassinados com armas de fogo. Somente em 2016, dos 3.080 homicídios, 2.125 foram a tiros.
No Brasil, em 2016, segundo o estudo, 62.517 pessoas foram assassinadas em todo o território nacional e esse número só vem crescendo. O único período com retração das mortes violentas no cenário nacional nos últimos cinco anos, segundo o Atlas, foi de 2014 para 2015, recuando de 60.474 para 59.080.
Quase 300 mulheres são mortas todos os anos
O número de mulheres assassinadas também tem destaque no Atlas com crescimento desse tipo de crime no cenário nacional e queda gradual no cenário paranaense. Em todo o Brasil, 4.645 mulheres foram mortas em 2016, 238 delas (5%) residiam no Paraná. Equivale a dizer que no Estado do Paraná, duas mulheres perdem a vida de forma brutal a cada três dias.
Somente nos últimos 11 anos 3.118 mulheres foram mortas no Paraná, mas o que se observa que este é um indicador com ligeira redução nesse período.
De 2015 para 2016, por exemplo, a queda de assassinatos de mulheres e de feminicídios foi de 2,5%. Naquele ano haviam sido assassinadas em todo o Paraná 244 mulheres. O ano com maior número de mortes violentas de mulheres foi em 2010, quando ainda não havia sido aprovada a lei do feminicídio. Nesse ano, 338 mulheres foram mortas.
No cenário nacional, o ano em que mais mulheres foram assassinadas foi em 2014, com 4.836 óbitos.
Estupros crescem
Os estupros com base em registros administrativos também chamam a atenção no Atlas da Violência 2018. Somente em 2016 foram quase 23 mil vítimas no País, segundo o Sinam. Ao menos 917 dessas vítimas moravam no Paraná e foram em busca de atendimento e de socorro.
A FBSP informou que foram registrados em todo o País 49,5 mil crimes em 2016 e no Paraná foram 4.164, média de 11 por dia. Isso se justifica no estudo porque uma mesma pessoa pode ter sofrido agressão inúmeras vezes.
Entre o perfil dos agressores, quando se tratam das crianças, 30% foram abusadas por amigos ou conhecidos da família, entre os adolescentes um em cada três sofreu a violência sexual por um desconhecido e entre os adultos esse número sobe para 58% dos casos praticados por desconhecidos.