Curitiba – Delegados da PF (Polícia Federal) do Paraná entraram ontem com uma solicitação de transferência imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da sede da Superintendência Regional da PF, no Bairro Santa Cândida.
O pedido, encaminhado via ofício pelo SinDPF/PR (Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado do Paraná) ao superintendente da Polícia Federal no Paraná, argumenta que a prisão de Lula no prédio tem causado transtornos e riscos à população e aos funcionários da PF. As autoridades salientaram ainda que no local são realizados, além da rotina policial, atendimentos ao público, dentre eles emissão de passaportes e questões relacionadas a produtos químicos, segurança privada, armas e emissão de certidões de antecedentes criminais da Polícia Federal.
"Assim, diariamente, centenas de pessoas que frequentam essas instalações precisam, por razões diversas e relevantes, de segurança e agilidade no atendimento. No entanto, desde que a Justiça Federal determinou que o réu condenado Luiz Inácio Lula da Silva fosse conduzido para a sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná para cumprimento de sentença penal condenatória, em razão da invasão da região próxima desse prédio de centenas de pessoas ligadas a movimentos sociais e outras facções, por questões de segurança, foi determinado o bloqueio de acessos e demais medidas assecuratórias, causando graves inconvenientes e atrasos nos atendimentos e ações policiais", afirmou o sindicato em nota encaminhada à imprensa.
Além disso, a categoria também alega que os policiais não estão conseguindo desenvolver suas atividades policiais normalmente, além de aponta que "há comprovados riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos policiais federais e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações (…), ao passo que os alguns invasores, que já se instalaram com barracas e determinada estrutura, já estão promovendo ações no sentido de intimidar estas pessoas."
Por fim, os delegados ainda afirmam que a medida mais acertada seria a transferência imediata do ex-presidente para uma unidade das forças armadas, que possua efetivo e estrutura "à altura dos riscos envolvidos".
Justiça bloqueia bens de Lula
Para garantir o pagamento de dívida fiscal de quase R$ 30 milhões com a União, a 1ª Vara de Execuções Fiscais de São Paulo decretou a indisponibilidade de bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também foram declarados indisponíveis os bens de Paulo Okamotto, do Instituto Lula e da LILS, empresa de palestras do petista, em processo que corre em segredo de Justiça.
A dívida de Lula, do Instituto e da empresa de eventos seria de 15 milhões. Já Okamotto, que é presidente do Instituto Lula, teria débito de R$ 14 milhões. Os envolvidos alegam que a medida é uma forma de dificultar a possibilidade de defesa do ex-presidente, que não teria posse dos valores bloqueados.
Segundo o Instituto Lula, “a medida é mais um ataque de lawfare, a guerra jurídica contra Lula com fins políticos, para sufocar as atividades do Instituto Lula e dificultar o direito do ex-presidente Lula de se defender. Estamos recorrendo tanto do mérito, porque os impostos foram pagos, quando do bloqueio de bens.”
Já a defesa de Lula disse que “a Lava Jato quer retirar do ex-presidente qualquer possibilidade de defesa ao privá-lo de seus bens e recursos para garantir um débito tributário que ainda está sendo discutido na esfera administrativa e que não tem qualquer relação com os valores reais doados ao Instituto Lula. O ex-presidente não tem os valores indicados no documento e a decisão de bloqueio foi impugnada por recurso, que aguarda julgamento no Tribunal Regional Federal da 3ª Região”.