Relatos de um preso que deixou a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) neste fim de semana revelam que a situação lá dentro está piorando a cada dia e aumenta potencialmente os riscos de uma nova rebelião que pode ser deflagrada a qualquer momento. Desde o dia 11 de novembro, data que acabou o motim iniciado no dia 9, boa parte dos mais de 700 detentos nunca mais tomou banho, não escova os dentes e muitos estariam há dias sem comer. Os relatos dão conta ainda que alguns presos estão entrando em surto psicológico. “Alguns estão avançando nos outros, não aguentam a pressão. Todos estão do mesmo jeito há duas semanas. Só de cueca, sem banho, sem escovar os dentes. Para se esquentar, um fica bem perto do outro. A situação é caótica”, contou.
Um preso que foi levado para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do Jardim Veneza estaria com infecções graves nas pernas. “Ele levou tiros de borracha e no local dos ferimentos até bicho tinha. A perna estava apodrecendo daí resolveram levar para o médico”, destacou.
Agentes alertam
Segundo um agente penitenciário, a situação já passou do extremo aceitável. “A gente sabe que para acontecer uma nova rebelião não falta muito. É uma questão de oportunidade. Os presos estão amontoados, não podem ter visitas, a situação de higiene é crítica, nenhum ser humano aguenta viver assim por muito tempo”, afirmou o agente.
Apesar de todos os problemas já relatados, O Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) não cogita a transferência de presos e eles ficarão sem visitas até que as reformas sejam concluídas. Não há data para que isso ocorra, nem como as melhorias serão realizadas. Vale lembrar que boa parte da estrutura foi novamente destruída pelos próprios detentos durante a rebelião.
Foragido recuperado
Na madrugada de ontem guardas municipais abordaram um veículo, cujo condutor estava fazendo manobras perigosas no Centro de Cascavel.
Ao ser abordado os agentes perceberam que o condutor tinha sinais de embriaguez e, seu caroneiro era Ismael Eduardo de Carvalho, de 26 anos, foragido da PEC durante a rebelião.
Com o apoio da Polícia Militar, os dois foram conduzidos à 15ª Subdivisão Policial. O carro foi levado para o pátio do 6º Batalhão de Polícia Militar.
Durante a rebelião, 39 detentos fugiram. Destes, 30 seguem foragidos.