Policial

Crime de 2007: Syngenta é condenada por morte de Sem-Terra

Empresa foi responsabilizada pelo assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno

Santa Tereza do Oeste – A Syngenta, empresa suíça produtora de transgênicos e agrotóxicos, foi judicialmente responsabilizada pelo assassinato do trabalhador rural Valmir Mota de Oliveira, o Keno, e pela tentativa de assassinato de Isabel do Nascimento de Souza, em 2007. Os dois eram integrantes da Via Campesina e foram vítimas de um ataque de milícia armada a mando da multinacional.

A decisão do juiz Pedro Ivo Moreiro, da 1ª Vara Cível de Cascavel, determina que a empresa indenize os familiares das vítimas pelos danos morais e materiais causados. Na ocasião, cerca de 200 integrantes da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocupavam o campo de experimento de transgênicos da empresa, em protesto à realização de experimentos transgênicos.

Em sua decisão, o juiz reconheceu que a “má escolha na terceirização da segurança, assim como o financiamento indireto das atividades ilícitas, constitui fato gerador de responsabilidade civil”.

O Poder Judiciário também reconheceu que não houve confronto entre milicianos e integrantes da Via Campesina.

“Chamar o ocorrido de confronto é fechar os olhos para a realidade, pois […] não há duvida de que o ocorrido, em verdade, foi um massacre travestido de reintegração de posse”, indica a decisão.

Questionada sobre a decisão, Isabel do Nascimento de Souza disse estar feliz, muito além da indenização financeira.

“Agora é levantar a cabeça, tentando esquecer um pouco do sofrimento que tivemos. Vamos em frente, dando continuidade também ao trabalho do Keno”, afirma.